Folha de S.Paulo

Papel de embaixador informal do Brasil me convenceu a estar lá

- Josimar Melo

“Palco 27”, disse o porteiro para o motorista que me levava para a gravação do episódio do Brasil da série “The Final Table”, da Netflix. Nunca tinha visto (só em filmes) a grandiosid­ade dos estúdios hollywoodi­anos. Foi há um ano —depois de meses falando com a produção sobre o programa.

Hesitei em participar. Expliquei que essas guerras entre cozinheiro­s não me agradam. Mas insistiram que esta seria diferente, inovadora (no final, nem tanto); e que era preciso, num programa para 190 países com potenciais 120 milhões de espectador­es, alguém para explicar ao mundo a cozinha brasileira.

Foi este papel de embaixador informal que me convenceu. Também não resultou bem como eu esperava — ajudei muito, creio, a mostrar algo real do Brasil, mas meu depoimento sobre a história da feijoada ficou de fora e, no lugar, entrou uma explicação fantasiosa e caricata.

(Pelo menos ficou no ar minha ode à gordura, para uma reação, quase um meme, da minha esbelta colega de bancada Alessandra Ambrosio.)

Mas não foi ruim a experiênci­a. Nos estúdios da Sony vizinhos a Los Angeles, o número 27 era um gigante caixote de um quarteirão com altura de seis andares, onde daria para filmar um ataque de King Kong ao Empire State, um naufrágio do Titanic —ou, agora, uma guerra mundial (de cozinheiro­s).

E vi pelo menos 40 iguais, compondo a “cidade dos sonhos” que, antes movida pelo cinema, sobrevive em telas bem menores (há quem assista às séries no celular).

Com direito ao hotel onde se passava “Uma Linda Mulher” e a um camarim do tamanho de um flat, fui vendo que nisto a Netflix estava certa: era a maior produção de um reality culinário da história. Ambicioso, reunia cozinheiro­s profission­ais de vários países (mais os superchefs), além de críticos e celebridad­es. Fora os contorcion­ismos para conseguir, nos Estados Unidos, produtos legalmente fornecidos para as receitas do mundo todo.

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