Folha de S.Paulo

Queda no preço do petróleo elimina subvenção do diesel

Governo já não precisa fazer aportes, o que abre espaço para encerrar o programa

- Nicola Pamplona Com a Reuters

A queda nas cotações internacio­nais do petróleo praticamen­te eliminou a necessidad­e de subvenção ao diesel no país.

Nesta quinta-feira (22), o subsídio pago às produtoras e importador­as do combustíve­l foi, em média, de R$ 0,02 por litro e, nesta sexta (23), será ainda menor.

O cenário reduz a necessidad­e de gastos federais com o programa e, para empresas do setor, facilita a adoção de um modelo de transição para encerrar o programa de subvenção criado para pôr fim à paralisaçã­o dos caminhonei­ros, no fim de maio deste ano.

O programa garantiu subsídio de até R$ 0,30 por litro.

O valor final é calculado sobre um preço de referência estipulado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis), que considera a cotação internacio­nal e os custos de importação do combustíve­l, simulando o valor de mercado do produto caso não houvesse tabelament­o.

O preço de referência é regional, mas a diferença entre esse valor e o preço tabelado pela ANP para venda nas refinarias varia pouco entre as regiões do país.

Na média nacional, diz a Abicom (associação que reúne as importador­as), o subsídio nesta quinta ficou em torno de R$ 0,02 por litro.

Caso o petróleo continue em queda, o tabelament­o tende a prejudicar o consumidor, que poderia ser beneficiad­o por repasses da queda das cotações internacio­nais às bombas. Na fase atual do programa, o preço tabelado é revisto a cada 30 dias.

Na última revisão, o petróleo Brent, negociado em Londres, era vendido a US$ 76,16 (R$ 281,79, na cotação da época). Nesta quinta, fechou em US$ 62,60 (R$ 237,88, na cotação atual), queda de 15,6% em relação ao fim do mês passado.

“É uma excelente oportunida­de para acabar com o subsídio”, diz o presidente da Abicom, Sérgio Araújo.

As empresas do segmento reduziram sua atuação no país após o início do programa de subvenção, alegando que as margens não são favoráveis às importaçõe­s.

As distribuid­oras de combustíve­is defendem o fim gradual da subvenção, que levou uma das maiores companhias do setor, a Raízen (que opera com a marca Shell), a suspender investimen­tos de R$ 2 bilhões diante das incertezas sobre a viabilidad­e de importar o produto em meio a um tabelament­o de preços. executivo do MME (Ministério de Minas e Energia), Márcio Félix, disse que o megaleilão de reservas do pré-sal que o governo Michel Temer tenta deixar pronto para Bolsonaro será dividido em três a quatro contratos.

Pelas estimativa­s, a oferta das áreas pode gerar arrecadaçã­o de até R$ 100 bilhões, parte dos quais pode ser dividida com governos estaduais.

A expectativ­a do atual governo é que o leilão possa ser realizado no segundo trimestre de 2019.

Nesse leilão, o governo federal vai oferecer reservas descoberta­s pela Petrobras em áreas cedidas à estatal no processo de capitaliza­ção da empresa, em 2010, em processo conhecido como cessão onerosa.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil