Oposicionista vê privilégio a patrocinadora no Palmeiras
Para candidato da oposição, atual presidente coloca interesse de Leila Pereira à frente dos do próprio clube
O empresário Genaro Marino, 62, primeiro vice-presidente do Palmeiras, concorre à eleição deste sábado (24) com o atual mandatário do clube e candidato a reeleição Maurício Galiotte.
Os dois fizeram parte da gestão do ex-presidente Paulo Nobre, e estão rompidos por divergências em relação à atuação da Crefisa. “O Palmeiras em primeiro lugar deixou de existir”, diz à Folha.
O dirigente acusa o colega de ter alterado o contrato com a empresa às escondidas, transformando investimento de R$ 120 milhões em uma dívida de R$ 150 milhões, por causa de problemas da patrocinadora com o Fisco.
Quais são os principais objetivos, as propostas de uma gestão Genaro Marino?
No futebol, vamos investir, mas de maneira adequada. Outro ponto é o clube social. As instalações do conjunto aquático, sauna, vestiário, estão sofríveis. Estamos também sem sala de troféus.
Quais foram os erros da gestãodoMaurícioGaliotte?
O Galiotte mudou o contrato com a Crefisa sem nos consultar, sem falar com os órgãos responsáveis. Ele fez um contrato concordando que o investimento virasse empréstimo. Isso não era risco nosso. Se isso era risco do patrocinador, por que ele tinha que trazer o risco para o Palmeiras? Tem também a alteração do estatuto do clube, que mudou o mandato presidencial de 2 para 3 anos.
Por que o senhor acha que tudo isso foi feito?
A forma como ela [Leila Pereira] entrou no Conselho, como o estatuto está sendo modificado, eu entendo isso como um casuísmo para ela se tornar presidente em 2021, sem respeitar as regras.
Qual é a sua relação hoje com o Galiotte? O senhor ainda tem participado das decisões do clube?
Desde o final do ano passado, quando substituí ele na presidência, não tivemos mais um relacionamento diário. Distante por ele ter promovido essas mudanças sem falar nada para ninguém. Na minha visão, de forma irregular.
Como o clube fica se a patrocinadora não quiser renovar contrato depois que o senhor for eleito?
Vejo que se existe todo esse amor que ela [Leila Pereira] diz ter pelo clube, se nós entrássemos, acredito que ela permaneceria. Agora, se todo esse amor não for suficiente e eles quiserem sair, o clube é muito forte hoje. É um gigante, que terá interes- ses de outros patrocinadores.
O senhor já foi procurado por alguma empresa?
Eu já fui procurado por duas empresas que manifestaram vontade de trabalhar conosco. Uma é da área da energia, e pediu confidencialidade até a definição das eleições.
Mas o senhor tem intenção de que a Crefisa permaneça?
Nós encaminhamos para ela uma carta para que ela nos informasse, caso sejamos eleitos, se ela sairia. Mas não tivemos retorno ainda.
O clube até o momento não fechou contrato com a TV aberta para o Brasileiro a partir do próximo ano... Centralizador como o Maurício é, não sei o que ele definiu. Sempre vou defender os interesses do Palmeiras. O dinheiro da TV é representativo. Dentro das nossas receitas, a de maior valor é a de televisão. A segunda maior é a bilheteria. A Crefisa é só a terceira. O quarto é o programa sócio Avanti.
Pretende renovar contrato com o Alexandre Mattos e segurar o Dudu?
O Dudu é o principal jogador no Brasil. Eu não vejo um jogador com as características de jogo que ele possui. Eu, como dirigente, quero ter ele na equipe. Nós fomos responsáveis [gestão Paulo Nobre, da qual fez parte] pela vinda do Alexandre Mattos. O Galiotte queria o Rodrigo Caetano na época. Vou procurar manter ele também.