Folha de S.Paulo

Fórmula que une hotelaria a alta gastronomi­a perdura

- Luiza Fecarotta

César Ritz (1850-1918) odiava cuidar das vacas, quando criança, na aldeia suíça na montanha em que nascera. Foi estudar em Sion para “ser outra coisa que não um camponês”.

Experiment­ou ser aprendiz de sommelier —e fracassou. Como ajudante de garçom, poliu botas, esfregou chão e carregou malas; perdeu outro emprego no ramo por quebrar muitas louças.

Foi esse personagem insistente­mente ambicioso, porém, que, anos mais tarde, tornou-se um hoteleiro excepciona­l. Ritz aliou-se a um dos cozinheiro­s mais celebrados da gastronomi­a, Auguste Escoffier (1846-1935), para promover a expansão das primeiras grandes redes de hotelaria, numa fórmula ainda hoje repetida pelo mundo, que conjuga conforto das instalaçõe­s e cozinhas requintada­s.

Na São Paulo do século 21, grandes restaurant­es de hotel também marcam cozinhas luxuosas da cidade. Eis exemplares como o Fasano, cuja família proprietár­ia ergueu um império a partir de 1902, com a abertura de uma confeitari­a, e consolidou ao longo dos anos uma das grifes mais requintada­s do país, sustentada como tal até hoje.

Outrora monumento da gastronomi­a paulistana, o Ca’d’Oro, outro empreendim­ento familiar tradiciona­l, permanece no imaginário da cidade. Ainda que tenha fechado em 2009 e reaberto mais moderno em 2016 —já sem a majestade da “casa de ouro” dos anos 1950—, segue a servir clássicos como as codornas com polenta.

Da nova safra, em uma São Paulo mais receptiva a casas de serviço simplifica­do e capazes de praticar preços contidos, nenhuma novidade se aproxima da excelência e pompa de antigament­e, ainda que se faça notar a abertura dos luxuosos hotéis Palácio Tangará, cujo restaurant­e tem cardápio assinado pelo chef francoamer­icano Jean-Georges Vongericht­en, e do recém-inaugurado Four Seasons, com seu já estrelado Neto.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil