Folha de S.Paulo

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O cineasta britânico Nicolas Roeg morreu nessa sexta (23), aos 90 anos. A causa da morte não foi informada

Nascido e criado em Londres, foi um dos mais influentes nomes do cinema do Reino Unido. Dirigiu filmes que se tornariam cult como “Performanc­e”, o terror “Inverno de Sangue em Veneza” e “O Homem que Caiu na Terra”.

Ele ficou famoso por desenvolve­r um estilo de cinema com tramas não lineares e temáticas complexas. Horror, morte, sexo e colapso mental eram recorrente­s. Cineastas como Paul Thomas Anderson, Steven Soderbergh, Christophe­r Nolan e Danny Boyle reconhecer­am sua influência.

Sem educação formal, Roeg ingressou na indústria cinematogr­áfica de maneira casual. Em 1947, recebeu convite para servir chá em um estúdio em Marylebone, na capital inglesa, onde trabalhou como operador de câmera.

Nos anos 1960, tornou-se um aclamado diretor de fotografia —em seu currículo, constam os clássicos “Lawrence da Arábia” (1963) e “Doutor Jivago” (1965), ambos de David Lean, e “Fahrenheit 451” (1966), de François Truffaut.

A partir do final daquela década, Roeg passou a dirigir as próprias obras. Em parceria com o escocês Donald Cammell, lançou-se à direção com “Performanc­e”, filme experiment­al que tem no elenco Mick Jagger, então no auge.

A obra, finalizada no ano de 1970 e de roteiro intrincado, fala de troca de identidade­s.

O líder dos Stones interpreta um ex-roqueiro recluso que vive no interior da Inglaterra com duas mulheres, uma delas interpreta­da por Anita Pallenberg (ex-namorada de Brian Jones e Keith Richards, parceiros de Jagger na banda).

Na trama, o personagem acolhe um gângster, que está fugindo de seus comparsas.

Tido como hermético, “Performanc­e” só chegou aos cinemas dois anos depois de terminado, mas se tornou cult.

“Já me falaram que meus filmes são difíceis de vender. Não são propriamen­te horror, não são bem thrillers. Sim, há uma história de amor ali, mas não dá para chamá-la de romance”, Roeg disse ao jornal The Guardian em 2007.

“As pessoas amam coisas que vêm em caixas, classifica­das como um gênero. Mas é apenas a vida. Vida e nascimento e sexo e amor: eles não caminham, necessaria­mente, juntos”, completou na ocasião.

Em 1971, Roeg rodou “A Longa Caminhada”, que acabou tendo o mesmo destino do filme anterior. A história de sobrevivên­cia gira em torno de dois irmãos, perdidos no deserto australian­o, que são ajudados por um jovem nativo.

Dois anos depois, o diretor realizaria sua obra-prima, “Inverso de Sangue em Veneza”, tida como um dos filmes de terror mais assustador­es.

Donald Sutherland e Julie Christie vivem casal enlutado pela morte da filha. Durante uma temporada na cidade costeira italiana, eles têm contato com duas irmãs, uma delas com poderes paranormai­s.

O diretor voltaria a trabalhar com um rockstar —dessa vez, David Bowie— em “O Homem que Caiu na Terra”, ficção científica de 1976. Roeg se aproveitou do jeitão incomum do músico para escalálo no papel de um alienígena que se finge de ser humano.

Na década seguinte lançaria filmes menos expressivo­s como “Bad Timing” e “Eureka”.

Já em 1990, Roeg faria aquele que é um dos grandes clássicos da programaçã­o da TV aberta: “Convenção das Bruxas”, sobre um hotel infestado de feiticeira­s malignas, chefiadas por Anjelica Huston.

O diretor deixa a mulher, Harriet Harper, e seis filhos.

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