Folha de S.Paulo

Agressão ao time do Boca adia para hoje final da Libertador­es

Boca teve atletas lesionados na confusão e pediu para não jogar; partida será neste domingo

- Sylvia Colombo

RIVER PLATE BOCA JUNIORS

18h, Monumental de Nuñez Na TV: Fox Sports e SporTV

Mais uma partida postergada. Pela segunda vez, um jogo da final da Copa Libertador­es 2018 não ocorre no dia previsto. Nas arquibanca­das do Monumental de Nuñez, neste sábado (24) se difundia a hipótese de que as energias de ambos times e torcidas contra o confronto são tão grandes que incidentes de ordem climática e humana estavam intervindo.

No jogo de ida da decisão, um verdadeiro dilúvio impediu que o jogo na Bombonera, casa do Boca Juniors, ocorresse no sábado. Foi postergada para o domingo e terminou num nervoso 2 a 2.

Neste sábado, a mudança aconteceu devido ao ataque de torcedores do River ao ônibus do Boca, no caminho do estádio. Pedras foram jogadas no veículo do clube. Para conter o tumulto, a polícia jogou gás de pimenta, que se espalhou atingindo os atletas.

No estádio Monumental de Nuñez a entrada do público foi tensa, pois havia “barrasbrav­as” causando distúrbios, policiais agindo com violência e até policiais que desconfiav­am das credenciai­s de imprensa —algumas foram rasgadas e os profission­ais mandados para casa. O pior estaria por vir.

Assim como o jogo de ida, só torcedores do time da casa —o River Plate, neste caso— puderam ir ao estádio.

Após o ataque ao ônibus na chegada ao estádio, o Boca imediatame­nte afirmou que não jogaria a partida. A Conmebol usou a estratégia de postergar o jogo para as 19h (horário de Brasília) e depois para as 20h15. Enquanto isso, dois dos jogadores eram enviados para um hospital próximo. O capitão do time, Pablo Pérez, tinha vidros nos olhos.

“Não estamos em condições [de jogar]. Nos estão obrigando. Nem conseguimo­s colocar o uniforme ainda, mas os presidente­s da Conmebol e da Fifa querem que a gente jogue”, disse o ídolo boquense Carlos Tevez.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, estava presente no estádio para assistir ao jogo.

“A pressão para que jogássemos foi uma vergonha. Por que não dão logo a taça para o River? Nos disseram, ‘se vocês não vão ao campo, o River será campeão’”, afirmou Tévez.

Durante as três horas de remarcaçõe­s e indefiniçã­o sobre a realização partida, o médico do Boca Jorge Pablo Batista subiu na sua contra do Instagram fotos de Pablo Pérez e do juvenil Gonzalo Lamardo. Ambos tinham curativos nos olhos. Eles foram atingidos no ataque e levados ao hospital.

Os jogadores Ábila, Beneddeto e Tevez passaram mal nos vestiários causa dos efeitos do gás de pimenta, segundo a imprensa argentina.

No estádio, a torcida, que vinha cantando e agitando bandeiras, foi ficando em silêncio. Depois de um tempo, começaram a abrir-se espaços nas arquibanca­das, com gente deixando o local.

Após os dois adiamentos, a Conmebol confirmou a remarcação do jogo para este domingo (25), às 18h.

“Estamos nessa situação por culpa de uns poucos inadaptado­s que não entendem que o futebol é paz. Se desnatural­izou o jogo. Um [clube] não quer jogar e o outro não quer ganhar nessas condições. Há um pedido de ambos os clubes, um acordo de cavalheiro­s. Prima o sentido comum, a partida será jogada amanhã [domingo] no Monumental”, disse o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez.

O River Plate pediu em comunicado publicado nas redes sociais que os torcedores que foram ao Monumental de Nuñez guardassem seus ingressos para este domingo.

O presidente do River, Rodolfo D’Onofrio lamentou o incidente com o ônibus do Boca e disse que o policiamen­to falhou na organizaçã­o da chegada do clube.

“Essas coisas não têm que ocorrer. O ônibus do Boca não teve a custódia correspond­ente. Me sinto frustrado, cansado. Peço desculpas a todos que vieram ao estádio”, afirmou.

D’Onofrio dava entrevista a um canal de TV argentino quando começou uma correria na parte interna do Monumental. Assustado, o dirigente precisou abandonar a participaç­ão ao vivo para fugir da confusão.

O presidente do River se reuniu por horas com dirigentes da Conmebol e seu par do clube rival, Daniel Angelici, para discutir o que seria feito depois do ataque aos jogadores do Boca. Angelici agradeceu ao rival por aceitar o pedido de que não se jogasse a partida.

“Os jogos nós ganhamos e perdemos no campo, mas com vários jogadores que temos lesionados, com alguns que faltava o ar, não estavam dadas as condições por essa agressão”, disse.

“Como argentino e dirigente de futebol, me envergonho”, completou Angelici.

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Ricardo Mazalan/Associated Press 3. Festa no estádio
 ?? Juan Mabromata/AFP ?? 1 Polícia usou gás de pimenta para conter os torcedores 2 Torcida do River Plate em confronto com policiais 3 Estádio lotado para a final da Libertador­es 4 Torcedores esperaram por horas dentro do Monumental 5 Pablo Pérez volta ao estádio depois de ser atendido em uma clínica de Buenos Aires 5. Jogo adiado
Juan Mabromata/AFP 1 Polícia usou gás de pimenta para conter os torcedores 2 Torcida do River Plate em confronto com policiais 3 Estádio lotado para a final da Libertador­es 4 Torcedores esperaram por horas dentro do Monumental 5 Pablo Pérez volta ao estádio depois de ser atendido em uma clínica de Buenos Aires 5. Jogo adiado
 ?? Fotos Sebastian Pani/AFP ?? 1. Confronto na rua
Fotos Sebastian Pani/AFP 1. Confronto na rua
 ?? Alejandro Pagni/AFP ?? 4. Espera por decisão
Alejandro Pagni/AFP 4. Espera por decisão
 ??  ?? 2. Torcida versus polícia
2. Torcida versus polícia

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