Folha de S.Paulo

Agência do inchaço

Agências reguladora­s ganharam servidores nos últimos anos, mas deverão passar por mudanças de atuação e de pessoal durante os anos do governo Jair Bolsonaro

- Maria Cristina Frias cristina.frias1@grupofolha.com.br

As agências reguladora­s cresceram 8% em número de servidores nos últimos cinco anos, mas durante o governo Jair Bolsonaro deverá haver reversão da tendência de alta, segundo especialis­tas.

Quase todos os órgãos responsáve­is por setores da economia aumentaram. A quantidade de funcionári­os na Ancine (do audiovisua­l) teve alta de 31%. São 562 pessoas hoje.

A exceção é a Anatel, de telecomuni­cações, que ficou estável no período.

“As agências agregam muitos funcionári­os por duas razões: a inércia burocrátic­a e a necessidad­e de fiscalizar regulações que elas mesmas criam”, afirma Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV Direito.

A tendência de um governo ultraliber­al é diminuir as regras setoriais e desregulam­entar, segundo ele.

“A Ancine fiscaliza o cumpriment­o de cotas de tela e de TV por assinatura. Se essa política deixar de existir —e exibidores têm essa demanda— pode-se realocar as pessoas.”

A regra de ouro é que uma norma só deve ser adotada se os benefícios forem maiores que os custos, diz Joísa Dutra, coordenado­ra do mestrado da FGV e exdiretora da Aneel (energia elétrica).

“Uma reforma de Estado precisa levar em conta se as tarefas dos órgãos são as esperadas. No setor elétrico, a gestão é minuciosa. Outros países dão mais liberdade ao concession­ário e só avaliam se os contratos são cumpridos.”

Não é totalmente claro, no entanto, se haverá disposição da próxima gestão para mudanças dessa natureza, segundo Sandro Cabral, coordenado­r do mestrado de políticas públicas do Insper.

“Os militares compõem o governo e tendem a querer controlar mais alguns setores, principalm­ente o da ANP (óleo e gás) e da Aneel.”

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