Folha de S.Paulo

Empresária de reality briga na Justiça por bebida com colágeno

- HN

“Cheguei tremendo no escritório. Na noite anterior, meu celular não tinha parado de apitar, cheio de notificaçõ­es do meu Instagram”, diz Cristiana Arcangeli.

Os alertas do celular eram avisos dos mais de 80 revendedor­es de cosméticos que haviam marcado o perfil da empresária, usando trecho de uma entrevista antiga na qual ela falava sobre os benefícios do consumo de produtos com colágeno na fórmula.

O problema: eles revendem o pó Naara, da multinacio­nal Jeunesse, concorrent­e direta da Drink Beauty, de Arcangeli.

A brasileira é dona da marca Beauty’in e um dos “tubarões” da versão nacional do reality show Shark Tank.

Arcangeli criou, em 2009, o conceito de “aliméticos” (junção de cosméticos e alimentos) e hoje tem mais de 80 produtos, de bala a pipoca, com colágeno na receita. A promessa é que o consumo diário reduz as rugas em 60 dias.

A empresária briga pelo uso do nome “beauty drink” com a Jeunesse, que comprou a brasileira Monavie, criadora da bebida em pó Naara.

A Jeunesse ganhou fama no Brasil com o produto Ageless, um sachê com creme e aura milagrosa que promete esticar as rugas por até nove horas.

Depois de perder na primeira instância, a Beauty’in recorreu e o desembarga­dor Paulo Roberto Grava Brazil determinou que a Jeunesse deixasse de usar a imagem de Arcangeli.

De acordo com o advogado da multinacio­nal, José Mauro Machado, a ação não faz sentido juridicame­nte. Sobre os vídeos do Instagram, Machado diz que as pessoas não têm vínculo empregatíc­io.

“Mesmo que tivessem, elas estão elogiando. E não falam que ela consome Naara”, diz.

Segundo Machado, o mesmo que o nome não fosse usado. foi entendido pelo juiz da Segundo Arcageli a marca primeira instância. “beauty drink” é registrada

A briga começou em 2015, por ela no INPI (Instituto Nacional quandoaemp­resaMonavi­elande Propriedad­e Intelectua­l). çou o seu pó solúvel com colágeno Ela também diz que e o batizou de Naara BeautyDrin­k.Arcangelic­ontaque a concorrent­e copia não só o nome mas a tipologia do logo. houve o primeiro pedido para De acordo com o advoga- do, a Beauty’in tem registro sobre o logo e não sobre a expressão em inglês, que ele alega ser um “descritivo”.

Arcangeli diz acreditar que houve cópia do produto e do logo. Ela afirma que, antes da ação, a empresa americana mostrou interesse em comprar a Beauty’in. Um mês depois sua funcionári­a foi contratada pela multinacio­nal.

Para a empresária, a sequência de fatos é “muito estranha” e diz que a concorrent­e quer copiar outros produtos.

Machado afirma que a alegação não tem sentido e que é comum marcas se aproximare­m, mas que, nesse caso, o “negócio não foi para a frente”. “E quem perde um funcionári­o competente sempre fica chateado”, diz.

A ação vai passar por um novo juiz, especializ­ado em propriedad­e intelectua­l. Arcangeli pede uma indenizaçã­o de R$ 500 mil pelo uso indevido de imagem. Pela alegada cópia da marca, a ação quer 50% do lucro de todos os potes de Naara já vendidos.

O advogado da Jeunesse diz estar tranquilo quanto ao caso. “Ela foi reunindo várias coisas sem conexão e que se transforma­m em uma história do arco-da-velha”, afirma.

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Divulgação Cristiana Arcangeli, 56, que fundou marcas como Phytoervas e Eh! e hoje está à frente da Beauty’in

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