Folha de S.Paulo

‘Árvore e gente’, botânico deu nome a plantas do cerrado

JOSÉ ÂNGELO RIZZO - (1931-2018)

- Fernanda Canofre

Nos últimos 26 anos, o sobrenome italiano Rizzo foi adaptado ao latim três vezes para batizar três plantas do Cerrado: Tassadia rizzoania Fontella, Pilosocere­us rizzoianus e Lophophytu­m rizzoi. Respectiva­mente, uma trepadeira, um cacto e uma planta que cresce perto de raízes de outras.

Tudo por ser o nome do professor da Universida­de Federal de Goiás (UFG) José Ângelo Rizzo. Uma das maiores referência­s em pesquisas sobre a flora local, Rizzo ainda batizou uma reserva dentro da Serra Dourada, a 146 km de Goiânia, e o herbário da UFG.

O nome das plantas, porém, é o que representa melhor uma vida de alguém que foi “mistura de árvore e gente”, como diz o título de sua biografia. O professor, nascido em Goiás Velho, atual cidade de Goiás, local histórico reconhecid­o pela Unesco, dedicou mais de cinco décadas a registrar e proteger as plantas que cresciam na sua terra.

Rizzo foi o coordenado­r dos cerca de 50 volumes da série sobre a flora do estado de Goiás e quem teve a ideia de coletas e áreas de preservaçã­o para proteger espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, entre eles o Jardim Botânico de Goiânia.

“Essa região significav­a a vida dele”, diz a colega, professora Vera Klein. “Era uma pessoa correta, exigente, cobrava rapidez com as publicaçõe­s”. A fama de professor rígido e metódico sempre o precedeu.

No dia 10 de novembro, o professor morreu por uma infecção pulmonar, aos 87 anos. Deixou seis filhos, netos e a esposa, Lúcia. “Ele falava muito sobre trabalho, mesmo em casa. A gente brincava que a universida­de era a primeira casa dele”, conta a filha Jaqueline. “Era uma pessoa maravilhos­a, dedicado e muito focado”.

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