Escola sem Partido será ‘moderada’, afirma Vélez
O futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou neste sábado (24) que o projeto Escola sem Partido deve ser aprovado pelo Congresso Nacional com um texto final mais moderado.
“Tenho impressão de que vai sair uma coisa moderada, uma coisa tranquila. O que a sociedade não quer é que haja ideologização de gênero ou política para as nossas crianças. Quem educa é o pai e a mãe e a escola tem que respeitar as tradições familiares em que as crianças cresceram”, afirmou.
As declarações foram dadas em rápida entrevista à imprensa no início da tarde deste sábado (24), quando Vélez Rodríguez desembarcou no aeroporto de Londrina, cidade onde mora. O futuro ministro chegava de Brasília, onde se reuniu com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e esteve no Congresso Nacional, onde acompanhou parte da sessão que discutiu o projeto de lei Escola sem Partido.
Os temas do projeto da Escola sem Partido, em debate no Congresso Nacional contra o que seria uma doutrinação partidária por professores e discussões sobre gênero em sala de aula, serviram para alavancar o nome de Bolsonaro no cenário nacional bem antes de sua pré-candidatura presidencial.
Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez ainda disse que as escolas devem estar a serviço das crianças com a colaboração dos pais. “Não devemos isolar a família porque a família é a ‘Patria Mater’. Ela é que tem que educar e a escola complementa.”
Ele ainda destacou que muitas famílias no Brasil são desestruturadas, mas ressaltou que a escola não tem como substituí-las. “Amor de pai e mãe ninguém substitui.”
Vélez evitou falar de planos concretos para sua gestão, mas afirmou que a sua principal meta na pasta da Educação é aproximar a estrutura educacional da sociedade, sobretudo dos municípios.
“Quero reverter um pouco essa visão verticalista de normas genéricas para todo o país sem respeitar as idiossincrasias locais”, afirmou.
Ele ainda criticou o custo das universidades públicas brasileiras, afirmando que um aluno de universidade pública custa muito mais caro do que o de uma instituição privada. “Alguém paga por isso. E no modelo tributário do Brasil é o trabalhador que está sustentando a classe média na universidade pública”, afirmou.
Apesar das críticas, o novo ministro negou que tenha a intenção de privatizar as universidades públicas. Mas disse que estas devem seguir um modelo de gestão semelhante ao da rede de hospitais Sara Kubitschek que, segundo ele, alia prestação de serviço público e meritocracia.
Sobre a proposta de Bolsonaro de adotar ensino a distância no ensino médio do Ricardo Vélez Rodríguez ministro indicado da Educação do governo Bolsonaro (PSL) país, Vélez afirmou que esta modalidade só deve ser adotada de maneira complementar. “A figura do professor é insubstituível em sala de aulas […] Sem uma presença de um tutor ou mestre, a qualidade cai. O aluno brasileiro quer a presença do professor e não uma maquininha somente falando para ele”, disse.
O ministro defendeu uma aproximação do setor produtivo com a educação brasileira, inclusive com investimento de empresas em troca de desonerações fiscais: “Esse país enorme com um parque industrial fantástico é um dos poucos países onde o sistema industrial não contribui diretamente com a educação”.
Como mostrou a Folha neste mês, a proposta de vetar a abordagem de gênero nas escolas, que integra o projeto de lei da Escola sem Partido, tem sofrido reveses em tribunais estaduais e em decisões provisórias no STF (Supremo Tribunal Federal).
O Supremo, porém, deverá adiar o julgamento sobre uma lei estadual semelhante em Alagoas, batizada de Escola Livre, que estava previsto para a próxima semana.
O adiamento condiz com as diretrizes do ministro Dias Toffoli, que, desde que assumiu a presidência do STF, em setembro, tem dito que não quer pautar questões polêmicas que possam gerar conflito com o Poder Legislativo.
A leitura feita na corte é que Toffoli quer deixar o assunto para o Congresso —e os ministros poderiam sepultá-lo desde já caso declarassem inconstitucional a lei alagoana.
“O que a sociedade não quer é que haja ideologização de gênero ou política para as nossas crianças. Quem educa é o pai e a mãe e a escola tem que respeitar as tradições familiares em que as crianças cresceram