Folha de S.Paulo

Dona do cantinho

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“Onde fica o Cantinho?”, costumam perguntar a Camila Teixeira, 42, jornalista e vendedora da Livraria Cultura. A questão faz referência ao Cantinho do Chiquinho, que foi responsáve­l por dar novo rumo à vida de cerca de 80 animais abandonado­s.

Mas não há um endereço nem um espaço físico, propriamen­te. Tocado por Camila nas redes sociais, o projeto nasceu quando renasceu Chiquinho, yorkshire que ela resgatou à beira da morte no dia 30 de julho de 2013.

O pequeno foi largado na rua com duas fraturas expostas nas patas, olho furado, contusão pulmonar e sarna. Vítima clara de maus-tratos. Quando internou o cachorro num hospital 24h, mesmo sem dinheiro para tanto, ela pediu que o bichinho desse um sinal de que queria viver. E ele deu —voltou a comer, começou a reagir.

“Aquele momento foi a virada”, lembra a vendedora, que começou aí uma grande campanha a fim de arrecadar fundos para o tratamento do Chico. O cão passou por seis cirurgias e até amputou uma patinha. Os custos, R$ 25 mil, foram pagos quase integralme­nte pela arrecadaçã­o.

Quando percebeu, uma rede de solidaried­ade enorme havia se formado. Ela não podia mais parar.

Começou a resgatar outros animais —Julieta, que hoje mora com a nova família na Alemanha; Inocência e seus cinco filhotes, adotados; Brutus, ainda em tratamento e hospedado num hotel; o gatinho Theo, descartado doente em uma caixa de transporte.

Já parou muito trânsito com pisca alerta, cara e coragem para retirar bicho atropelado. “Não tenho estrutura, dinheiro ou tempo. É tudo na emoção”, diz a protetora, que conta com as redes sociais para dar voz e visão ao seu trabalho.

“O Cantinho é mantido pela ajuda do outro que se identifica e que gostaria de fazer o que eu faço.”

Quando relembra sua história, emociona-se. “Minha relação com Chiquinho é de outras vidas. Com ele, meu sonho de ajudar se concretizo­u.” E o sonho de tantos outros animais, Camila, que com esse projeto apenas começou.

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