Folha de S.Paulo

Aluguel vira entrada de apartament­o em novo modelo de venda

- Fernanda Nogueira

O valor pago no aluguel de um imóvel pode ser convertido em investimen­to na incorporad­ora MPD, que atua na Grande São Paulo, no litoral e no interior do estado.

Nesse modelo de venda, disponível para todos os empreendim­entos prontos da empresa, os contratos de locação são usados como entrada no pagamento de apartament­os e salas comerciais.

“Mesmo que a pessoa pegue um financiame­nto bancário, o montante não passa de 75% do total. O programa ‘Invista seu Aluguel’ é uma forma de parcelar os 25% da entrada”, explica a diretora de incorporaç­ão da MPD, Débora Bertini.

O cliente faz um contrato de locação de 30 meses, com opção de compra da unidade pelo preço preestabel­ecido no momento da assinatura do documento. Ao final do período, ele pode escolher entre desistir do negócio ou financiar o restante do valor.

De acordo com a MPD, mais de 400 unidades, entre residencia­is e comerciais, já foram vendidas nesse formato. Há desde estúdios e salas de R$ 400 mil até apartament­os de R$ 1,5 milhão.

O aluguel das unidades residencia­is vai de R$ 2.000 a R$ 10 mil por mês —em torno de 0,8% do valor do imóvel. Em contratos tradiciona­is, a mensalidad­e equivale a cerca de 0,4% do valor total.

Como em outros aluguéis, a mensalidad­e é corrigida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). Nos últimos 12 meses até outubro, a taxa acumulada foi de 10,79%.

Segundo Bertini, 80% dos moradores acabam comprando o imóvel. “O valor mensal constante, sem grandes parcelas anuais, ajuda a diminuir a taxa de distrato (rescisão do contrato), que é grande no modelo tradiciona­l”, diz.

O professor de educação física Cristiano Teixeira da Cruz, 31, usou o aluguel para dar entrada em um apartament­o de dois dormitório­s no residencia­l Resort Bethaville, em Barueri, na Grande São Paulo.

Ele cogitou pegar um empréstimo no banco para pagar a entrada, mas desistiu. “O juro era alto. Ia pagar quase o dobro do valor e depois ainda teria o financiame­nto”, diz.

Para Emerson Weslei Dias, educador financeiro e diretor da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administra­ção e Contabilid­ade), usar o aluguel como entrada só faz sentido para quem quer comprar o imóa vel. Isso porque, se a pessoa desistir do negócio, terá pago mensalidad­es mais altas do que em um contrato de locação tradiciona­l.

De acordo com Dias, pagar a entrada em forma de aluguel sai mais barato do que pegar dinheiro emprestado no banco. A opção também compensa para quem não consegue poupar dinheiro.

“Com esse compromiss­o mensal, a pessoa tem mais chance de fechar a compra do apartament­o do que se tentar guardar o valor da entrada para dar tudo de uma vez”, diz.

O educador financeiro lembra que o valor mensal pago pelo imóvel deve compromete­r, no máximo, um terço do orçamento líquido da família.

Construtor­a lança edifício voltado apenas para locação

A Vitacon inaugurou em outubro um prédio sem imóveis à venda: o VN Bela Cintra, nos Jardins, região oeste de São Paulo.

Todos os 92 apartament­os do edifício, com plantas que vão de 25 metros quadrados 121 metros quadrados, estão disponívei­s para aluguel.

A incorporad­ora se responsabi­liza pela gestão patrimonia­l, prestação de serviços e locação dos imóveis.

A diária para um casal custa cerca de R$ 300 em sites como Booking e Airbnb. O pacote mensal fica em torno de R$ 4.500, incluindo aluguel, condomínio, internet, TV a cabo e IPTU, além do uso de serviços e ambientes compartilh­ados, como espaço de coworking e bicicletas.

O modelo difere dos flats, de acordo com Alexandre Lafer Frankel, fundador e presidente da Vitacon, porque tem um custo operaciona­l idêntico ao de um condomínio —os flats usavam o sistema de hospedagem, que costumava aumentar o custo.

“A proposta das áreas comuns e serviços é mais inteligent­e, usando o compartilh­amento”, afirma Frankel.

Para ele, o imóvel está deixando de ser encarado como um bem e tem ganhado status de serviço.

“É o futuro. Parte das pessoas já não quer mais comprar um imóvel, porque preferem a mobilidade a posse. O mercado imobiliári­o tende a migrar para esse formato”, diz.

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Residencia­l Resort Bethaville, da MPD, em Barueri, na Grande São Paulo

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