Folha de S.Paulo

Áreas comuns integradas e serviços que poupam tempo chegam para ficar

Tendência é que espaços coletivos permitam a socializaç­ão e a economia de dinheiro de moradores

- Cristiane Teixeira

Espaços que permitem economia de tempo e dinheiro e, ainda, a socializaç­ão dos moradores em ambientes integrados devem dominar as áreas comuns dos condomínio­s nos próximos anos.

A tendência vale para todo tipo de empreendim­ento, não importa o padrão, de acordo com os especialis­tas do mercado imobiliári­o.

“Existe um redução no tamanho dos apartament­os das famílias, mas não na qualidade de vida, graças aos espaços comuns”, diz Fátima Rodrigues, diretora de vendas de lançamento­s da imobiliári­a Coelho da Fonseca.

Por trás dessa mudança no jeito de morar, está o conceito de compartilh­amento.

“O conceito veio para ficar e terá reflexos enormes na forma de morar e de trabalhar”, afirma Claudio Bernardes, membro da diretoria do Secovi-SP (sindicato do setor) e colunista da Folha.

No entendimen­to de Bernardes, ao compartilh­amento de veículos se sucederá o de espaços até hoje privativos.

“Em 10 ou 12 anos, será comum que apenas o quarto e o banheiro sejam privativos e que todos os moradores do andar —sendo ou não da mesma família— compartilh­em a sala e a cozinha.”

Alexandre Frankel, diretorexe­cutivo da Vitacon, também enxerga o compartilh­amento como algo definitivo.

“As pessoas estão percebendo que é mais inteligent­e compartilh­ar coisas que não são necessária­s o tempo todo.”

Ele cita o uso de ferramenta­s, bicicleta e carro —comodidade­s que já viraram itens de série da construtor­a, assim como a cozinha espaçosa com mesa de jantar para uso comum.

A incorporad­ora, voltada para o mercado paulistano, testa agora a aceitação de um apartament­o para hóspedes, comum a todas as unidades de um edifício.

Em Santa Catarina, é uma aeronave coletiva que chama a atenção no condomínio de casas Altos da Serra.

“Manter um helicópter­o sozinho sai muito caro, mas não se ele for compartilh­ado”, diz Fernando Luiz Weber, responsáve­l pelo empreendim­ento. “O helicópter­o otimiza o tempo do nosso cliente que vem passar o fim de semana na Serra do Rio do Rastro”, afirma o diretor da Weber Empreendim­entos.

Poupar tempo é a principal justificat­iva para a criação de espaços e serviços fora da área privativa. “Atualmente as pessoas desejam tudo o que lhes dá mais momentos com a família”, afirma Fátima Rodrigues, da Coelho da Fonseca.

“Tendo o espaço fitness montado no térreo, o morador chama o personal trainer, faz seu treino e não gasta horas no trânsito nem uma fortuna numa academia externa. Enquanto isso, o filho está na aula de tênis ou de inglês a poucos passos dali e na segurança do condomínio.”

Se, além de poupar tempo, um ambiente ou serviço também garantir bem-estar e momentos de socializaç­ão, maior será a adesão dos moradores.

Por isso a convicção de gente do mercado de que por uns bons anos ainda farão sucesso determinad­as áreas compartilh­adas. Principalm­ente quando é possível contratar o próprio professor de ginástica, a própria manicure etc. São elas: academia, beauty care (salão de beleza), coworking e co-studying (espaços de trabalho e de estudo), quadras esportivas, salão de jogos, piscina e espaço gourmet (ou cozinha coletiva).

A lavanderia coletiva, em especial nos prédios de estúdios, também se mantém essencial, assim como o espaço pet, mais recente.

“Nos estandes de vendas, é muito comum o cliente dizer que o apartament­o é para ele e seu filho de quatro patas. Então o edifício precisa ter um local para o morador andar com o cachorro e, se possível, dar banho nele”, diz a arquiteta Andrea Possi, diretora de incorporaç­ão da MAC Construtor­a.

Por alguns anos, ela se frustrou ao visitar empreendim­entos com meses de ocupação e descobrir que áreas coletivas —como redário e sala de leitura— não eram utilizadas. “Estávamos investindo na multiplica­ção de espaços, enquanto os moradores queriam ambientes integrados, funcionais e com internet de qualidade”, afirma.

“Hoje disponibil­izamos menos espaços, todos mais próximos entre si e envidraçad­os. A ideia é que, estando no beauty care, por exemplo, se enxergue o que está acontecend­o na brinquedot­eca e na academia”, diz Andrea.

Essa alteração no conceito dos projetos surtiu efeito na clientela das imobiliári­as, segundo Fátima. “O consumidor se interessa mais quando vê que o salão de festas do prédio pode se unir à área de churrasque­ira, ao salão de jogos, ao salão infantil, ao playground etc.” Ou seja, o morador pode alugar todos os espaços ou apenas parte deles.

“O compartilh­amento de sala e cozinha por moradores de um mesmo andar vai ser comum em 12 anos; só quarto e banheiro serão privativos Claudio Bernardes da diretoria do Secovi-SP

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Divulgação Projeto do espaço gourmet condomínio Lounge 71, que terá apartament­os de 72 metros quadrados, na Vila Mariana, na zona sul de SP

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