Folha de S.Paulo

VOLTA&MESA

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Fome alemã semanal desta vez leva a Moema

Por alguma razão, que tenho preguiça de pesquisar, Moema é um bairro alemão ou, pelo menos, onde se concentram mais restaurant­es alemães em São Paulo. Nos anos de faculdade, na minha remota juventude, tínhamos um grupo que se reunia no restaurant­e Alpino, onde se discutia ontologia com salada de batatas e existencia­lismo com torta de maçã. Repetindo, sem saber, atitudes filosófica­s francesas.

Já tinha sido picado pela mosca do vinho, mas era produto muito raro e bem mais caro que agora. Bebia pouco, não fumava, apesar de que ser existencia­lista sem um cigarro na boca é esquisito. Falava muito, divergia bastante e comia chucrute e kassler.

A fome desta comida se intensific­ou nos tempos que passei em Berlim, com a substituiç­ão do Alpino pela ida semanal ao Prater Garten para um pato com repolho roxo. O Prater é uma velha cervejaria, que ficou no lado da antiga RDA (a parte comunista, a Leste) quando havia o muro e guardou a mesma cara na Alemanha unificada.

Antes que durma com lembranças tão prosaicas, conto rápido que continuo com a fome alemã semanal e vou pesquisand­o os lugares paulistano­s. O da vez foi o Windhuk. É engraçado perceber que esses lugares ficam parados no tempo (é elogio) e viraram uma hiper-realidade do que já se modernizou na origem. São bávaros na decoração e têm um clima de Oktoberfes­t, sem a balbúrdia.

No Windhuk não houve discussão, pedi o gigantesco chucrute garnie, cujo nome fui pesquisar. É um chucrute de repolho guarnecido por todas as carnes pensáveis, de porco, é claro: joelho, costeleta e bacon defumados, salsichas branca, preta, salsichão e uma com cominho.

Tem as versões frita ou cozida, gosto das duas. Joelho de porco é pesado, talvez por isso seja o nome até de banda de punk rock.

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Chucrute garnie do Windhuk

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