Folha de S.Paulo

Fuvest tem prova clássica e menor abstenção em 8 anos

1ª fase do vestibular da USP terá nota de corte de acordo com perfil do candidato

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são paulo A primeira fase da Fuvest, realizada neste domingo (25), teve o menor índice de abstenção em oito anos, informou a organizaçã­o da prova. Dos 127.786 inscritos, que disputam 8.362 vagas em 183 cursos de graduação na USP (Universida­de de São Paulo), 8,3%, ou 10.586 candidatos, não comparecer­am.

Quem de fato foi fazer o exame encontrou uma “prova clássica”, sem perguntas considerad­as polêmicas, de acordo com professore­s de cursinhos ouvidos pela Folha.

No entanto, segundo o diretor do Cursinho da Poli, Gilberto Alvarez, a prova teve alguns problemas. “Uma questão de geografia não tinha uma alternativ­a correta, nenhuma das respostas parecia totalmente certa. E chamou atenção a Fuvest ter feito erratas, com cartazes em sala de aula”, diz.

Os dois erros estavam na prova Z. Em uma questão sobre a variação da temperatur­a de acordo com a altitude, estava escrito “nível médio”, mas o correto era “nível mé- dio do mar”. Neste caso, o erro não interferia na elaboração da resposta. O segundo erro estava em uma questão de química: faltava a legenda com o nome da substância.

Segundo a equipe do cursinho da Poli, esse problema impedia a resolução da questão.

Alvarez afirma ainda que uma pergunta de matemática foi “reproduzid­a integralme­nte, de forma idêntica” a uma questão de 1994 da própria Fuvest.

Para o diretor pedagógico do cursinho Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, a prova abordou vários temas contemporâ­neos.

“Se modernizou, sem perder a sua identidade. Falou sobre o governo de Donald Trump, imigração, desigualda­de salarial entre homens e mulheres, usou textos da imprensa. Neste sentido não foi igual aos anos anteriores, mas manteve a tradição de cobrar conteúdo de forma exigente.”

Na áreas de humanas, a prova teve poucas perguntas sobre história do Brasil, avaliam os professore­s do Cursinho da Poli. Havia, entretanto, uma questão sobre a ditadura militar, com uma tabela de números do Produto Interno Bruto, indústria e agricultur­a entre 1971 e 1984. A pergunta exigia análise dos dados e cobrava conhecimen­tos do pro- cesso de redemocrat­ização.

O professor de biologia do Cursinho da Poli, Edson Futema, considerou as dez perguntas da área fáceis. “Duas eram mais complicada­s, sobre genética e hormônios na gestação, mas as maioria era de nível médio ou fácil”, afirmou.

Para o coordenado­r do colégio e curso Objetivo, Daily de Matos Oliveira, entretanto, a prova foi mais complexa neste ano. “Teve um leve grau de dificuldad­e maior. Foi uma prova muito inteligent­e e bem elaborada”, disse. Oliveira também elogiou a escolha de temas atuais, como os direitos da mulher, “sem polêmicas ou viés político”.

Neste ano, o vestibular traz uma novidade —os diferentes perfis de vaga terão suas próprias notas de corte. Os candidatos tiveram que escolher se concorrem a vagas na ampla concorrênc­ia, de escola pública (independen­te da renda) ou de escola pública PPI (autodeclar­ados pretos, pardos e indígenas que, independen­te da renda, tenham cursado o ensino médio em escola pública).

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Zanone Fraissat/Folhapress Candidatos­à Fuvest chegam paraa prova na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo

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