Folha de S.Paulo

Juízes têm aumento, e auxílio para moradia cai

Temer sanciona reajuste de 16,38%, com impacto de R$ 4 bi por ano, e Fux derruba liminares que davam benefício

- Gustavo Uribe e Reynaldo Turollo Jr. Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente Michel Temer (MDB) sancionou nesta segunda (26) projeto de lei que reajusta em 16,38% o salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Temer concedeu o aumento no mesmo dia em que o ministro Luiz Fux revogou liminares concedendo auxílio-moradia a membros da magistratu­ra.

Com a sanção, o salário de ministro do STF passará de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil.

A medida deve gerar efeito cascata cujo impacto ao erário, calculado por técnicos do Congresso, é de cerca de R$ 4 bilhões por ano.

O aumento foi aprovado no Senado no dia 7. Antes da votação, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), disse que o momento não era apropriado para o reajuste.

Em agosto, o presidente do STF, Dias Toffoli, fez acordo com Temer para que saísse o aumento. Em troca, o Supremo reveria o auxílio de R$ 4.377, concedido a todos os juízes e membros do Ministério Público, mesmo aos que possuem casa na cidade em que trabalham.

Fux afirmou em sua decisão ser necessário levar em consideraç­ão as dificuldad­es financeira­s do Estado.

O presidente da Anamatra (associação de juízes trabalhist­as) afirma não haver nexo entre o reajuste e o auxílio e que estuda adotar medidas legais.

O presidente Michel Temer sancionou nesta segunda-feira (26) o projeto de lei que reajusta em 16,38% o salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

A medida também autorizou o mesmo índice de correção para o vencimento da procurador­a-geral da República.

A informação foi confirmada pela Casa Civil, e a sanção deve ser publicada nesta terça-feira (27) no Diário Oficial da União. O salário de ministro passará de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil.

Temer concedeu o aumento no mesmo dia em que o ministro Luiz Fux, do STF, revogou decisões liminares concedendo auxílio-moradia a membros da magistratu­ra e do Ministério Público.

O reajuste deve gerar efeito cascata, cujo impacto calculado por técnicos do Senado e da Câmara é de cerca de R$ 4 bilhões por ano à União e aos estados.

O aumento foi aprovado no Senado no último dia 7. No mesmo dia, horas antes da votação, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), havia dito que o momento não era apropriado para o reajuste.

Em agosto, o presidente do STF, Dias Toffoli, fez um acordo com o Temer para que fosse concedida a correção aos ministros. Em troca, o Supremo ficou de rever o auxíliomor­adia de R$ 4.377.

O pendurical­ho é pago indiscrimi­nadamente a todos os juízes e membros do Ministério Público, mesmo àqueles que têm casa própria na cidade onde trabalham.

Estimativa da ONG Contas Abertas indica que, de setembro de 2014 até dezembro do ano passado, o benefício para 17 mil magistrado­s e 13 mil membros do Ministério Público custou cerca de R$ 5 bilhões à União e aos estados.

Relator de uma série de ações que discutem no STF o pagamento do auxílio-moradia, Fux afirmou em sua decisão que é preciso levar em conta as dificuldad­es financeira­s do Estado diante do reajuste para ministros do STF.

“No contexto atual, surge um fato novo de amazônica repercussã­o”, escreveu Fux. “O impacto orçamentár­io do projeto de lei de revisão do subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal aprovado pelo Congresso Nacional e recentemen­te sancionado pelo presidente da República não pode ser desprezado e merece uma análise detida.”

“A nova lei repercute intensa e diretament­e nos recursos públicos destinados ao pagamento de despesas com pessoal”, afirmou.

Fux determinou que a suspensão só ocorra quando o reajuste efetivamen­te chegar aos contracheq­ues da magistratu­ra. Os beneficiad­os pelo auxílio nos últimos quatro anos não terão de fazer nenhum ressarcime­nto.

O ministro já havia declarado que faria a mudança em troca do reajuste e optou por revogar o auxílio em decisão monocrátic­a (individual), em vez de levar os processos ao plenário, composto por 11 ministros.

Para derrubar um benefício concedido anteriorme­nte por ele próprio, Fux destacou o pragmatism­o de sua decisão.

Segundo ele, o direito não é um fim em si mesmo e “as decisões judiciais devem ser avaliadas relativame­nte à sua potenciali­dade de resolver e pacificar conflitos reais”.

Pela decisão, deixarão de receber o auxílio-moradia “membros da magistratu­ra, Ministério Público, Defensoria­s Públicas, Tribunais de Contas, Procurador­ias e demais carreiras jurídicas de todos os entes da Federação”.

Quem ganhava o auxíliomor­adia antes das liminares de Fux de 2014 continuarã­o a receber o benefício.

O eventual pagamento fora dos termos da decisão, conforme determinaç­ão do ministro, caracteriz­ará improbidad­e administra­tiva.

Guilherme Feliciano, presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrado­s da Justiça do Trabalho) e coordenado­r da Frentas (Frente Associativ­a da Magistratu­ra e do Ministério Público), disse que não há nexo entre reajuste e auxílio-moradia e que estuda adotar medidas legais.

“Na visão da Anamatra, a ajuda de custo para moradia é um direito legal previsto na Lei Orgânica da Magistratu­ra que não se confunde com a revisão dos subsídios”, afirmou.

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Lalo de Almeida/ Folhapress
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O presidente Michel Temer durante o lançamento da Rede Nacional de Governo Digital

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