Folha de S.Paulo

Alvo da Lava Jato, herdeiro da OAS se entrega à PF em Curitiba

- Débora Sögur Hous Newton Menezes/Futura Press

O herdeiro da empreiteir­a OAS, César de Araújo Mata Pires Filho, se entregou à Polícia Federal (PF) em Curitiba na virada de domingo (25) para segunda-feira (26). Pires Filho herdou a empresa de César Mata Pires, fundador da OAS e morto em 2017.

O filho é um dos alvos da 56ª fase da Operação Lava Jato —a primeira sob as ordens da juíza Gabriela Hardt, que substituiu o ex-juiz Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba. Pires Filho estava nos Estados Unidos quando a operação foi deflagrada na última sexta-feira (23).

O pedido de prisão temporária (ele pode ficar detido até cinco dias) de César Mata Pires Filho foi feito pelo Ministério Público Federal, que suspeita que o empresário tenha participad­o de um esquema de pagamento de propina a exdirigent­es da Petrobras e do fundo Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social) para a ampliação da sede da Petrobras na Bahia, obra conhecida como Torre Pituba.

Ainda segundo as suspeitas do MPF, o projeto foi superfatur­ado. As obras que eram estimadas em R$ 320 milhões (pagas pelo Fundo Petros), saíram no fim das contas por R$ 1,3 bilhão. Os crimes teriam acontecido a partir de 2008.

No pedido de prisão do Ministério Público, ao justificar a detenção temporária de César Mata Pires Filho, o órgão diz que o empresário sugeriu a Leo Pinheiro (ex-presidente da OAS já condenado por corrupção) que era necessário “correr com contratos adicionais para aproveitar a presença de Luiz Carlos Afonso, presidente da Petros”, que também participar­ia do esquema (e também teve prisão preventiva decretada).

O MPF também diz que Pires Filho atuava ativamente na distribuiç­ão de “vantagens ilícitas” e “autorizava o repasse de vantagens indevidas para o Partido dos Trabalhado­res por meio de doações oficiais ao órgão diretivo da agremiação”.

Segundo o MPF, a OAS e a Odebrecht, durante o processo de construção da obra investigad­a, teriam distribuíd­o cerca de R$ 68 milhões em subornos.

A Folha tentou entrar em contato com os advogados de defesa de César de Araújo Mata Pires Filho, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem No fim de semana, a defesa apresentou comprovant­es de reserva de passagens aéreas para o Brasil e de São Paulo para Curitiba. A Justiça concordou em não prendê-lo no momento do desembarqu­e no país.

Na 56ª fase da Operação Lava Jato, a Justiça Federal do Paraná expediu 22 mandados de prisão por desvios na construção da sede da Petrobras na Bahia. Pires Filho era vicepresid­ente da OAS na época da construção da torre.

O prédio foi construído com recursos da Petros com a finalidade de ser alugado pela companhia.

A Torre Pituba tem 22 andares, que foram alugados pela Petrobras a partir de 2015, e permanecem como sede da estatal em Salvador.

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Policiais na operação na sexta (23)

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