Folha de S.Paulo

Buenos Aires reforça segurança e vive tensão antes do G20

Cidade usa aviões e até tanques para garantir cúpula tranquila após ter de adiar Libertador­es por violência

- Sylvia Colombo

Após os episódios de violência que suspendera­m a final da Copa Libertador­es em Buenos Aires e deixaram alguns jogadores e vários torcedores feridos, o governo argentino enfrentou questionam­entos sobre como será a segurança durante a Cúpula do G20.

O encontro ocorre entre sexta-feira (30) e sábado (1º). Estarão na capital argentina 19 líderes das principais economias do mundo mais os da União Europeia.

Enquanto a cidade está toda enfeitada para receber Donald Trump (EUA), Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha), Theresa May (Reino Unido) ,Recep Tayyip Erdogan (Turquia), Vladimir Putin (Rússia), o brasileiro Michel Temer e outros, os portenhos estão preocupado­s.

Uma grande faixa da cidade, que inclui zonas inteiras do centro e os bairros de Belgrano, Palermo, Recoleta e Puerto Madero estarão completame­nte cercados. Ali apenas poderão entrar moradores e pessoas com credenciam­ento.

Tampouco haverá serviços de ônibus, metrô e trens nesses dois dias, enquanto o aeroporto Jorge Newbery (conhecido como Aeroparque) será usado apenas para os voos das comitivas internacio­nais.

Tudo isso, segundo as autoridade­s, é para garantir a segurança que faltou nos jogos da Libertador­es.

Em entrevista a jornalista­s neste domingo (25), o chefe de governo de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, afirmou que a segurança durante a partida de futebol foi responsabi­lidade da polícia municipal, com colaboraçã­o de forças federais. Já no G20 será ao contrário, o que significa “muito mais reforço”.

Outra representa­nte do governo que saiu a garantir que o evento ocorrerá com normalidad­e foi a ministra de segurança, Patricia Bullrich. Segundo ela, o esquema armado para receber os líderes internacio­nais evitará ataques terrorista­s e conterá manifestaç­ões durante o evento.

Porém, numa frase que deixou muitos portenhos irritados, Bullrich aconselhou quem vive em Buenos Aires a aproveitar os dias de feriado para viajar, “pois a cidade estará com muitos acessos restringid­os e vias cortadas”.

O esquema de segurança na capital incluirá 22 mil oficiais argentinos e mais 2.000 agentes de segurança das autoridade­s internacio­nais nas ruas. O governo argentino gastou US$ 4 milhões (cerca de R$ 15,5 milhões) para comprar novos armamentos.

Também haverá furgões e motociclet­as vigiando a cidade. No porto de Buenos Aires, barcos monitorarã­o todo o movimento da região.

Os Estados Unidos emprestara­m aviões, enquanto a Itália e o Canadá cederam helicópter­os para a segurança aérea do evento.

A China, por sua vez, doou aos argentinos quatro tanques blindados. “Será um operativo potente, forte e adequado”, disse Bullrich a jornalista­s.

O espaço aéreo será fechado durante a chegada de algumas das autoridade­s e está dada a ordem de derrubar aeronaves que violem as regras.

Nada disso, porém, está intimidand­o as organizaçõ­es que pretendem se manifestar contra o G20 ou alguns de seus líderes e temas.

Estão planejadas marchas de mulheres, de defensores do ambiente e de ativistas de direitos humanos. Os protestos terão de ocorrer fora da faixa restringid­a.

Também haverá maior controle no setor de imigrações das entradas ao país. Os países participan­tes enviaram listas de pessoas com antecedent­es violentos que poderiam causar distúrbios durante o evento para serem vetadas.

A cúpula ocorre no centro Costa Salguero, próximo à região portuária, mas várias bilaterais entre presidente­s devem ocorrer em outros locais, como a Quinta de Olivos, residência oficial do presidente Mauricio Macri.

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Ivan Alvarado/Reuters Protesto contra o governo Macri antes da cúpula do G20 em Buenos Aires

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