Folha de S.Paulo

Entidade pede que príncipe saudita seja preso ao chegar

Antes de reunião nesta terça-feira (27), clube fez pedido ao tribunal para ser declarado campeão

- Alex Sabino Ivan Pisarenko - 24.nov.18/AFP

O Human Rights Watch fez um pedido à Justiça argentina para que prenda o príncipe saudita Mohammed bin Salman, assim que ele desembarqu­e na Argentina para participar do G20

O pedido se baseia em alegações de que o príncipe teria cometido abusos durante a intervençã­o militar no Iêmen e de que estaria envolvido no assassinat­o do jornalista Jamal Khashoggi.

A causa foi acolhida pelo juiz federal Ariel Lijo. A vinda de Mohammed bin Salman já estava sendo alvo de questionam­entos ao governo argentino e havia protestos marcados contra o príncipe.

O Human Rights Watch também está tentando fazer uma ponte com organizaçõ­es de direitos humanos na Argentina para pressionar a Justiça local.

Irritado com o Boca Juniors, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, vai pressionar para que a Libertador­es deste ano seja decidida dentro de campo.

A Folha apurou com um dirigente da entidade sul-americana que Domínguez pretende fazer com que o mandatário do clube, Daniel Angelici, desista de ação no tribunal da confederaç­ão. Eles têm reunião marcada para esta terça (27), às 11h (de Brasília), em Luque, no Paraguai.

O presidente do River Plate, Rodolfo D’Onofrio, também estará presente.

A contraried­ade de Domínguez é porque duas vezes, uma no sábado (24) e outra no domingo (25), Angelici e D’Onofrio deram as mãos no que deveria ter sido um acordo de cavalheiro­s: a final da Libertador­es seria adiada, mas acabaria resolvida dentro de campo.

Apesar do acerto verbal, o Boca Juniors entrou com ação na comissão disciplina­r da Conmebol pedindo os pontos da partida e o título.

A equipe se apoia no artigo 18 do código disciplina­r da entidade. Este diz que o clube mandante é responsáve­l por tudo o que cerca o jogo.

O ônibus que transporta­va o Boca foi atacado por torcedores do River Plate na esquina da avenida Libertador com a rua Monroe, em Buenos Aires.

Vidros foram quebrados por pedras e garrafas. A polícia usou gás de pimenta contra os agressores e, como as janelas estavam destruídas, a substância afetou jogadores, que passaram mal. Estilhaços de vidros provocaram cortes no braço do volante Pablo Pérez, também atingido no olho.

A partida foi adiada de sábado (24) para domingo (25), mas o elenco do Boca Juniors pressionou para não jogar. O técnico Guillermo Schelotto disse que seria injusto entrar em campo em desvantage­m.

A Conmebol consultou o River Plate e D’Onofrio concordou. Domínguez lhe prometeu que a final aconteceri­a em uma nova data a ser definida nesta terça, mas que esta seria no estádio Monumental de Nuñez e com público.

Na noite desta segunda (26), o mandatário da Conmebol divulgou uma “carta ao futebol sul-americano” em que diz que, sob sua presidênci­a, são os jogadores que ganham as partidas em campo, e não “pedras e agressões”.

Em uma Copa Libertador­es marcada por ações nos tribunais, a confederaç­ão sul-americana quer evitar a todo custo que o campeão seja resolvido no tapetão. Para Domínguez, esta não é uma simples final. Ele queria fazer do evento a imagem do que é a “nova Conmebol”, slogan criado para afastar o fantasma dos escândalos de corrupção.

O Santos perdeu pontos (e acabou eliminado por isso) por causa da escalação irregular de Carlos Sánchez nas oitavas, contra o Independie­nte (ARG). Apesar de terem usado atletas que estavam suspensos, Boca Juniors e River Plate não foram punidos.

O Grêmio falhou na tentativa de avançar para a final com processo no tribunal. O time reivindica­va que o técnico do River, Marcelo Gallardo, infringiu o regulament­o ao ir ao vestiário para falar com os jogadores no intervalo da semifinal em Porto Alegre apesar de ter sido punido.

Ter os maiores rivais argentinos na decisão chamou a atenção do mundo para a Libertador­es. O River recebeu mais de 3.000 pedidos de credenciam­entos de imprensa para a partida que deveria ter acontecido no sábado.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi convidado de honra. Quando a Conmebol forçava a barra para que a partida acontecess­e de qualquer jeito no sábado, houve reunião com a presença do suíço.

“Que me apresentem um culpado, mas esta partida se joga hoje!”, ele gritou, segundo dirigentes do Boca.

“Nós não queremos jogar, mas a Conmebol e a Fifa estão nos obrigando”, disse Tevez, atirando toda a responsabi­lidade para as entidades.

Foi o momento em que a maré virou e os cartolas se viram obrigados a chegar a um um consenso pelo adiamento.

Infantino deixou o Monumental de cara amarrada. Sua assessoria divulgou que ele nega ter tentado forçar a realização do jogo ou ameaçado o Boca de sanções caso se negasse a entrar em campo.

Domínguez se queixou de que a entidade está sendo crucificad­a por causa de um “péssimo esquema de segurança” montado pelas autoridade­s argentinas.

O problema para a Conmebol é que Daniel Angelici se sente pressionad­o. Ele fechou o acordo, mas a reação dos jogadores foi péssima.

Este foi um dos argumentos que apresentou a Domínguez e D’Onofrio para conseguir mais tempo.

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Polícia de Buenos Aires prende torcedores do River Plate suspeitos de ataque ao ônibus do Boca Juniors antes da final da Libertador­es

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