Folha de S.Paulo

Guardia defende regra que deixa estados fora de divisão de recursos do pré-sal

- Bernardo Caram e Daniel Carvalho

Na semana em que Congresso e governo tentam chegar a um acordo sobre uma partilha com os estados de recursos de leilão ou de exploração de petróleo, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, defendeu a manutenção da regra em vigor. Isso deixaria os governos regionais fora da divisão de recursos.

“Eu acho que a regra que está em vigor funciona bem, eu manteria a regra que está em vigor”, afirmou nesta segunda-feira (26).

Tramita no Senado projeto que viabiliza um megaleilão do pré-sal que pode render R$ 100 bilhões, segundo estimativa do governo.

O texto da chamada cessão onerosa permite que outras empresas possam operar em blocos do pré-sal hoje controlado­s pela Petrobras.

Em negociação com governador­es, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, aceitou fazer divisão de recursos que, pelas regras atuais, iriam para o caixa da União.

O Congresso, porém, começa a semana sob incerteza do que acontecerá com a cessão onerosa, porque não há acordo sobre a divisão do dinheiro.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não pautou o projeto de lei que incluiu a proposta de partilha com estados e municípios dos recursos do Fundo Social —voltado a investimen­tos em saúde e educação.

Pela proposta, 30% dos recursos desse fundo seriam destinados a prefeitos e governador­es, mas a longo prazo.

Se a Câmara aprovar o texto, o Senado pode votar o projeto de cessão onerosa sem fazer alterações em relação ao que foi aprovado pelos deputados, acelerando a tramitação.

“Vamos ver amanhã [terçafeira]. Não sabia que uma coisa tem relação com a outra”, disse Maia à Folha, sem descartar que o projeto entre na pauta da Câmara.

Outra possibilid­ade —e esta tem a simpatia do futuro governo— é repassar a estados e municípios 20% do bônus de assinatura dos contratos, o que representa algo em torno de R$ 20 bilhões.

A previsão do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), era votar o texto da cessão onerosa nesta terça-feira (27), mas, diante do impasse, a votação pode ficar para quarta-feira (28).

Ele tenta um acordo entre a equipe econômica do atual governo, comandada por Guardia, e do futuro, chefiada por Paulo Guedes.

Se não se chegar a um acordo e Maia não pautar o projeto, uma possibilid­ade aventada por senadores é que o governo de Michel Temer edite uma medida provisória com a divisão dos recursos.

“Nunca conversei com quem quer que seja sobre medida provisória. Medida provisória é uma prerrogati­va do presidente da República”, disse Guardia.

Eunício disse que está em negociação com o presidente. “Eu mesmo estou à frente para encontrar saída legal com Temer.” PAF (Plano Anual de Financiame­nto), de R$ 3,780 trilhões e R$ 3,980 trilhões.

O movimento foi causado por montante maior de resgates de títulos públicos. No mês, foram resgatados R$ 90 bilhões, enquanto as emissões foram de R$ 57 bilhões.

Segundo o Tesouro, um dos pontos que explicam o saldo foi o vencimento em outubro de estoque de títulos prefixados. A elevada rentabilid­ade de alguns papéis fez com que investidor­es resgatasse­m seus recursos para realizar lucro.

No período, a dívida interna teve estoque reduzido em 0,17%, enquanto a dívida externa teve baixa de 6,73%.

O mês de outubro, segundo o coordenado­r-substituto de Controle e Pagamento da Dívida Pública do Tesouro, Marcelo Rocha Vitorino, foi adverso para países emergentes.

“O Brasil teve performanc­e muito melhor que seus pares em razão do mercado doméstico. Houve redução das incertezas eleitorais”, disse.

Segundo ele, títulos com vencimento­s mais longos tiveram alta rentabilid­ade no mês. Por outro lado, o custo médio das emissões teve a 25ª queda consecutiv­a, atingindo o menor patamar da série histórica, iniciada em dezembro de 2010, de 7,85% ao ano.

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