Ghosn também é destituído do comando do conselho da Mitsubishi
tóquio A Mitsubishi Motors informou nesta segunda-feira (26) que seu conselho de administração removeu Carlos Ghosn da posição de presidente do colegiado, após sua prisão e demissão da parceira de coalizão Nissan na semana passada por suspeita de irregularidades financeiras.
A demissão de Ghosn marca o fim de seu reinado nas montadoras japonesas apenas dois anos após ele ter sido elogiado por levar um controle rígido para a Mitsubishi na sequência de um escândalo de fraudes em 2016.
O presidente-executivo da empresa, Osamu Masuko, vai assumir temporariamente o cargo de presidente do conselho de administração, disse a montadora.
Na quinta-feira (22), o conselho de administração da Nissan aprovou a demissão de Ghosn da presidência de seu colegiado.
A Nissan afirmou que criará um comitê especial para buscar um novo presidente de seu conselho de administração.
O franco-libanês-brasileiro foi preso no dia 19 sob suspeita de sonegação, ao declarar às autoridades japonesas uma renda inferior à real.
Como presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Ghosn, 64, criou um império industrial, com 470 mil funcionários, que no ano passado vendeu 10,6 milhões de veículos de 122 fábricas no mundo todo.
No Japão tem status de estrela, após ter salvo a Nissan da falência. Virou até personagem de mangá —os quadrinhos japoneses.
No domingo (25), o executivo se pronunciou pela primeira vez desde a detenção. Interrogado pela Justiça, Ghosn não recorreu ao direito de permanecer em silêncio e afirmou que nunca teve a intenção de ocultar seus rendimentos, de acordo com fontes não identificadas citadas pela rede NHK.
O executivo também afirmou que não tinha a intenção de apresentar documentos falsos, informou o canal público japonês.
Os principais executivos das três empresas da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi devem se reunir na quinta-feira (29).
Nesta segunda, a montadora francesa afirmou que não recebeu nenhuma informação oficial sobre as acusações contra Ghosn.
A Renault detém 43% da Nissan, que possui 15% do grupo francês. A Nissan possui 34% da Mitsubishi.
De acordo com reportagem do Financial Times, a Nissan quer aproveitar o escândalo para reequilibrar a aliança com a Renault a seu favor.