Musical ‘Silvio Santos Vem Aí’ é autorizado a captar R$ 10 mi via Lei Rouanet
O musical “Silvio Santos Vem Aí”, produzido pela Paris Entretenimento, empresa do mesmo grupo da distribuidora Paris Filmes, foi autorizado a captar R$ R$ 9,95 milhões via Lei Rouanet, que permite a patrocinadores descontarem de seu Imposto de Renda os valores destinados a projetos culturais.
O espetáculo será encenado em São Paulo, no ano que vem, e vai contar a história de Senor Abravanel, 87, nome de batismo do carioca de infância pobre que virou o dono do SBT, uma das maiores emissoras de televisão do Brasil.
Ainda não há previsão de estreia, mas a fase de pré-produção, que inclui testes e definição do elenco, deve levar ao menos quatro meses.
A montagem terá direção de Zé Henrique de Paula (de “Urinal, o Musical” e do recente “Um Panorama Visto da Ponte”) e direção musical de Fernanda Maia. Os dois são parceiros no Núcleo Experimental de Teatro, grupo inaugurado em 2012 em São Paulo.
A dramaturgia ficará a cargo de Emilio Boechat (autor de “Eu Era Tudo Pra Ela & Ela Me Deixou”) e Marilia Toledo (“Amor de Servidão”).
A narrativa será embasada no livro “Silvio Santos - A Biografia” (editora Universo dos Livros, 280 págs.), de Marcia Batista e Anna Medeiros, que cederam os direitos à Paris em março deste ano. A edição, na qual as autoras trabalharam durante seis anos, reúne fotos, dados históricos e depoimentos de personalidades que fizeram parte da trajetória do apresentador, como Mara Maravilha, Leão Lobo e Carlos Alberto de Nóbrega.
O espetáculo é um desdobramento de outro projeto da Paris, uma cinebiografia baseada no mesmo livro, que também deve ser lançada em 2019 e terá o ator Rodrigo Faro no papel de Silvio. Ele dará corpo ao apresentador em diversas fases da vida, passando inclusive por um processo de envelhecimento.
Esta será também a primeira empreitada na distribuidora de filmes —que reúne grandes bilheterias do cinema brasileiro, como “D.P.A. - Detetives do Prédio Azul”, “Carrossel” e “Meus 15 Anos”— na área do teatro musical.
Segundo a assessoria de imprensa do apresentador, nem Silvio nem o SBT têm envolvimento com os projetos da Paris, que não são biografias autorizadas por ele.
O empresário só teve acesso ao livro de Batista e Medeiros depois de ele ser lançado, no ano passado, mas aprovou a edição. Chegou inclusive a ligar para as autoras e a divulgar o livro no SBT. “Acho que o grande diferencial sobre esse livro é ter esses depoimentos, que é uma coisa que ninguém nunca fez. Está muito bom!”, afirmou ele à época.
Algo similar aconteceu com a exposição sobre Silvio realizada no Museu da Imagem e do Som há dois anos. Ele só deu aval à mostra porque a iniciativa partiu do museu e orientou que o SBT não se envolvesse diretamente.
A equipe do musical prevê 66 mil ingressos para a temporada, inicialmente de quatro meses. Personalidades lançadas pelo Programa Silvio Santos, como Elke Maravilha, Pedro de Lara, Aracy de Almeida e Lombardi, serão retratadas no musical. Quadros televisivos conhecidos também: Porta da Esperança, Qual É a Música, Domingo no Parque e Show de Calouros.
Nascido no bairro carioca da Lapa e o primeiro de seis filhos, Silvio Santos decidiu trabalhar como camelô no centro do Rio aos 14 anos, para ajudar a família.
Os Abravanel enfrentavam dificuldades financeiras depois de o pai, viciado em jogo, perder a loja que tinha na praça Mauá. Senor aproveita as eleições diretas de 1945, e a euforia política do momento, e decide vender capinhas para títulos de eleitor.
Seu carisma, o talento para se comunicar e a voz peculiar levaram, então, um fiscal da prefeitura a indicá-lo para um amigo que trabalhava na rádio Guanabara.
A produção passará por boa parte da vida do apresentador: locutor de rádios, criador de uma rádio na barca que fazia a travessia Rio-Niterói, maior vendedor de bebidas da companhia Antarctica na capital fluminense, fundador de um circo que viajava pelo país.
Quando as vendas dos carnês do Baú da Felicidade explodem, ele decide expandir seus negócios e migra para a televisão.