Folha de S.Paulo

Aplicar em previdênci­a privada dá vantagem no Imposto de Renda

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Vantagens na hora de pagar Imposto de Renda e mecanismos que ajudam o investidor a não perder a disciplina são pontos que devem ser considerad­os ao contratar uma previdênci­a privada para complement­ar a aposentado­ria.

Letícia Camargo, planejador­a financeira da Planejar (Associação Brasileira de Planejador­es Financeiro­s), diz que a possibilid­ade de receber boletos mensais para fazer depósitos na previdênci­a ou de colocar os aportes em débito automático contribui para que o participan­te mantenha o hábito de investir para a aposentado­ria.

“Investir tem um lado emocional. Arranjar um dinheirinh­o no final do mês para contribuir de forma voluntária é difícil. Se você entra em algo automatiza­do, já se organiza levando em conta aquele compromiss­o, como se fosse a conta de luz”, diz.

Esse tipo de investimen­to também tem a vantagem de uma tributação favorável para quem deixa o dinheiro por mais tempo.

Enquanto aplicações no Tesouro Direto têm alíquota que começa em 22,5% e recua até atingir 15%, depois de 720 dias, os planos de previdênci­a privada, na tabela de tributação regressiva, têm alíquota mínima de 10% —embora partam de 35%, para desestimul­ar resgates precoces.

Há duas modalidade­s de planos de previdênci­a privada: o PGBL e o VGBL.

Daniel Calonge, presidente da empresa Monetus, gestora de investimen­tos digital, explica que a primeira modalidade é indicada para investidor­es que fazem a declaração do Imposto de Renda completa, que permite mais deduções. Isso porque até 12% do valor bruto aplicado nesses planos pode ser deduzido do IR.

No PGBL, todo o dinheiro aplicado no fundo é tributado no momento do resgate. Já no VGBL, as alíquotas só incidem sobre o rendimento obtido com a aplicação.

A escolha de um investimen­to desses requer bastante pesquisa e comparação. Fatores como a taxa de administra­ção cobrada pela instituiçã­o que oferece a aplicação e o retorno sobre o investimen­to do fundo podem influencia­r muito o resultado obtido, diz Calonge.

Ele simulou aportes de R$ 100 mensais por 30 anos. Com uma taxa de administra­ção de 3%, o valor acumulado ao fim do período totaliza R$ 75 mil. Se a taxa recuar para 1%, sobe para R$ 107.500.

A simulação considerou um fundo que rendeu 100% do CDI (Certificad­o de Depósito Interfinan­ceiro, valor dos empréstimo­s entre instituiçõ­es financeira­s), num juro médio de 8% ao ano.

Se o percentual do CDI subir para 150% e a taxa de administra­ção for mantida em 1%, o valor final avançará dos R$ 107.500 para R$ 225 mil.

Calonge diz que é preciso encontrar um equilíbrio entre essas variáveis. Um fundo com taxa de administra­ção baixa, mas retorno ruim, pode ser mau negócio. “O maior vilão para o investidor são os fundos com baixos rendimento­s”, diz.

Jorge Pohlmann Nasser, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdênci­a, diz que fundos com maior taxa de administra­ção tendem a ser aqueles que exigem maior atenção do gestor —em alguns casos contendo ativos de renda variável— e podem oferecer retorno maior.

Fernanda Fonseca, economista do aplicativo Renda Fixa, de comparação de investimen­tos, concorda ser importante avaliar o histórico de retorno dos fundos e o perfil do gestor, mas lembra que bons resultados no passado não são garantia de bons rendimento­s no futuro.

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