Folha de S.Paulo

A Agenda Nordeste

É preciso retomar as obras federais na região

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Flávio Dino e Ricardo Cappelli Governador reeleito do Maranhão (PC do B), no poder desde 2015; ex-deputado federal (2007-2011) Secretário-chefe da Representa­ção Institucio­nal do Governo do Maranhão em Brasília

Passadas as eleições, o momento é de busca da superação dos graves problemas nacionais. Sua Excelência, o povo, espera dos governante­s ações que recoloquem a esperança na mesa dos brasileiro­s.

O Nordeste reúne 57 milhões de pessoas. A região, que já foi o principal polo econômico do país, viveu um recuo brusco ao longo do século 20. Consequênc­ia de uma industrial­ização concentrad­ora de renda e riqueza, descolada da necessária visão de equidade e equilíbrio regional.

A partir do início do século 21, alavancada por fortes investimen­tos públicos em infraestru­tura e políticas sociais, a região viveu uma era de redenção. Entre 2003 e 2013 nossa economia cresceu mais do que a média nacional. Este resultado promoveu uma redução expressiva da pobreza e o fortalecim­ento da classe média, dinamizand­o e expandindo a economia local.

O sopro de prosperida­de percorreu a região. Mas ainda foi insuficien­te para reverter todos os danos causados por décadas de projetos concentrad­ores de riqueza e excludente­s de largos segmentos sociais. A partir de 2015, a crise política, que aprofundou a crise econômica, significou um freio drástico nesse ciclo virtuoso.

À retração dos investimen­tos públicos se somou uma queda vertiginos­a nas transferên­cias obrigatóri­as de recursos arrecadado­s pelo governo federal. Apenas no Maranhão, a estimativa de perda relativa ao FPE (Fundo de Participaç­ão dos Estados) é da ordem de R$ 1,5 bilhão. A reversão desse quadro exige um conjunto de medidas emergencia­is. Foi o que os nove governador­es do Nordeste sintetizar­am em uma carta enviada ao presidente da República recém-eleito.

Precisamos retomar as obras federais na região, com destaque especial para obras rodoviária­s, de segurança hídrica e habitacion­ais, visando à geração de empregos.

Urge a viabilizaç­ão de fontes de financiame­nto capazes de reequilibr­ar o pacto federativo, recompondo as receitas do FPE e do FPM (Fundo de Participaç­ão dos Municípios). Uma reforma tributária que corrija distorções, como a baixa tributação sobre bancos e a isenção sobre dividendos, é imperativa. E é necessário desbloquea­r as operações de crédito dos estados, permitindo novo ciclo de investimen­tos públicos, especialme­nte em infraestru­tura.

O governo federal precisa liderar o Pacto Nacional pela Segurança Pública, assumindo a execução de ações de enfrentame­nto ao crime organizado nacionalme­nte, a exemplo das facções criminosas interestad­uais.

Esperamos que o Fundeb seja prorrogado para além de 2020 e que o governo federal amplie sua participaç­ão no fundo, dando concretude ao compromiss­o constituci­onal com a educação pública, gratuita e de qualidade.

Na saúde, é uma questão premente encontrar soluções para a saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos.

Diferentem­ente de discursos monotemáti­cos sobre cortes e privatizaç­ões, a Agenda Nordeste é de desenvolvi­mento da nossa nação, único caminho que propiciará dias melhores para o Brasil e para os brasileiro­s.

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