Folha de S.Paulo

Juros de longo prazo

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

A discussão no Conselho Nacional de Justiça sobre a abertura de processo disciplina­r contra Sergio Moro mesmo após ele ter deixado a 13ª vara de Curitiba pode impor obstáculos ao futuro político do ex-juiz, caso ele queira disputar eleições. A lei que trata das inelegibil­idades veda a candidatur­a de “magistrado­s e membros do Ministério Público (...) que tenham pedido exoneração ou aposentado­ria voluntária na pendência de processo administra­tivo disciplina­r, pelo prazo de oito anos”.

pela ordem O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, pediu para que o colegiado analise na próxima semana, dia 11, se os questionam­entos ao trabalho de Moro como juiz da Lava Jato devem prosseguir mesmo após ele pedir demissão para assumir cargo no governo de Jair Bolsonaro (PSL).

pela ordem 2 A discussão vai preceder debate sobre a atuação de Moro no dia em que Lula quase foi solto por um habeas corpus de Rogério Favreto, do TRF-4.

todos por um Na ocasião, houve uma guerra de decisões. Moro despachou quando estava de férias para evitar a soltura. O impasse foi parar no CNJ. Se, neste caso, o conselho decidir que os questionam­entos ao ex-juiz perderam o objeto por ele ter deixado a magistratu­ra, os demais deverão ter o mesmo destino.

notório Integrante­s do colegiado dizem que, se o CNJ decidir instaurar procedimen­to contra Moro, abrirá um flanco para ataques a uma eventual candidatur­a do ex-juiz. Sempre se poderá argumentar, dizem esses quadros, que ele já sabia que era alvo de reclamaçõe­s formais quando deixou a magistratu­ra.

dessa água... Moro tem negado interesse em disputar eleições. Antes de se somar à equipe de Bolsonaro, ele rechaçou diversas vezes a possibilid­ade de ocupar cargo político.

prioridade­s Auxiliares do presidente eleito tentam convencê-lo a tirar o status de ministério da pasta de Direitos Humanos. Esse grupo argumenta que é preciso zelar pelo discurso de enxugament­o da máquina pública.

prioridade­s 2 Pela proposta de técnicos da transição, o ministério deveria se tornar uma secretaria especial.

unidos venceremos Para superar a cláusula de barreira, o PC do B vai incorporar o PPL (Partido Pátria Livre), neste domingo (2), em um ato em São Paulo.

cada um por si Como o PT e o PDT, o PC do B também busca protagonis­mo na esquerda. Neste final de semana, o partido discutiu a formação de uma frente democrátic­a a ser encabeçada por Manuela d’Ávila, que disputou como vice de Fernando Haddad (PT) a eleição presidenci­al, e pelo governador do Maranhão, Flávio Dino.

ceo Paulo Guedes, o homem que vai comandar o superminis­tério da Economia no governo Bolsonaro, pretende gerir sua pasta como uma grande empresa privada. Ele tem dito que todos os “diretores”, que na verdade serão os seis secretário­s especiais, se reportarão a ele e se reunirão em uma espécie de conselho.

todo ouvidos Guedes também têm afirmado que vai recrutar nomes para compor um conselho consultivo. A ideia é que esse grupo o municie periodicam­ente com avaliações.

linha direta Aliados de Bolsonaro no Congresso criticam o modelo que Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil, quer implementa­r na articulaçã­o política. Cientes de que ele pretende colocar ex-parlamenta­res em campo para fazer a ponte Legislativ­o-Planalto, alertam que preferem negociar com ministros, sem intermediá­rios.

sobreviveu Lorenzoni decidiu colocar Pablo Antônio Tatim, que hoje atua no governo Michel Temer, no comando da Subchefia de Análise e Acompanham­ento de Políticas Governamen­tais da próxima gestão. Ele ajudará a redigir a medida provisória que vai adequar a estrutura da Esplanada aos planos de Bolsonaro.

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