Folha de S.Paulo

AMLO promete transforma­ção radical ao tomar posse no México

Esquerdist­a disse que convocará referendo revogatóri­o sobre seu mandato daqui a dois anos e meio

- Fabiano Maisonnave

Com um discurso em que prometeu ser um divisor de águas na história do México, o esquerdist­a Andrés Manuel López Obrador, 65, assumiu neste sábado (1º) a Presidênci­a prometendo um governo austero e voltado aos mais pobres.

“Pode soar pretensios­o ou exagerado, mas hoje não inicia somente um governo. Hoje começa uma mudança de regime político”, disse ele (conhecido pela sigla AMLO), no Congresso, diante de parlamenta­res e convidados.

“A partir de agora, começa uma transforma­ção política e ordenada, mas ao mesmo tempo profunda e radical porque se acabará com a corrupção e a impunidade.”

Em discurso de 1h18min, o esquerdist­a voltou a prometer um cresciment­o anual de 4% , mas disse que não gastará mais do que arrecada e que respeitará a independên­cia do Banco Central.

Ele assegurou que os recursos para investimen­tos e programas sociais virão do combate à corrupção e de medidas como a redução dos salários do funcionali­smo e da venda do avião presidenci­al.

“Não se condenará os que nascem pobres a morrer pobres”, disse ele. “Vamos governar para todos, mas daremos preferênci­a aos vulnerávei­s e aos despossuíd­os. Primeiro os pobres.”

Entre as promessas de campanha repetidas no discurso, o novo mandatário disse que diminuirá o preço da gasolina, abrirá cem universida­des públicas e criará uma ajuda financeira para 1 milhão para pessoas com deficiênci­a.

Em mensagem aos que temem que ele se perpetue no poder, o líder esquerdist­a disse que não tentará mudar a Constituiç­ão para buscar a reeleição. Prometeu também convocar um referendo revogatóri­o sobre o seu mandato daqui a dois anos e meio. No México, o mandato presidenci­al é de seis anos.

Eleito com 53% dos votos, a votação mais ampla da história mexicana, López Obrador conta ainda com a maioria absoluta no novo Congresso, empossado em setembro.

Em mudança de posição, prometeu a criação de uma Guarda Nacional militariza­da para combater o crime organizado e a violência, medida que precisa de aprovação do Congresso. Até recentemen­te, defendia que o Exército não deveria ser usado para esse fim.

Em 2006, sob críticas do líder esquerdist­a, o presidente direitista Felipe Calderón declarou guerra ao narcotráfi­co e passou a empregar o Exército na segurança pública. O resultado foi o aumento no número de mortos e de violações aos direitos humanos sem que o crime organizado fosse desmantela­do.

Com relação às relações internacio­nais, López Obrador adotou um tom amistoso ao mencionar os Estados Unidos. Agradeceu a presença do vicepresid­ente Mike Pence e disse que tem recebido um “tratamento respeitoso” do agora colega Donald Trump, que estava representa­do também pela filha Ivanka.

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Lalo de Almeida/Folhapress PALÁCIO É ABERTO PARA A POPULAÇÃO Mexicanos entram na residência presidenci­al Los Pinos, na Cidade do México, após o novo mandatário, Andrés Manuel López Obrador, abrir pela primeira vez o local para a visitação de moradores

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