Coleção Folha resgata olhar complacente de Nicholas Ray sobre juventude
são paulo Acusado de um crime que não cometeu, o jovem Bowie (Farley Granger) escapa da condenação à prisão perpétua fugindo com dois gângsteres. Em seu caminho, conhece e se apaixona por Keechie (Cathy O’Donnell), sobrinha de um dos criminosos.
O casal protagonista de “Amarga Esperança” (1948), longa de Nicholas Ray, reflete aqueles que não conseguem se encaixar no mundo, por vontade própria ou alheia. A exemplo da dupla de criminosos Bonnie Parker (1910-1934) e Clyde Barrow (1909-1934), que inspiram a trama de Ray.
O filme é tema do 20º volume da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema, que chega às bancas no próximo domingo (9). Ray esboça no longa, com uma pegada do subgênero “noir”, mudanças que se consolidariam na década seguinte. “O início de uma era em que a cultura se dirigirá cada vez mais para os jovens no lugar de protagonistas”, diz Cássio Starling Carlos, crítico e curador da Coleção Folha.
Os personagens de comportamento errático influenciaram o cineasta, um dos responsáveis por arejar o cinema no fim dos anos 1960 e na década de 1970. Ray deu olhos e voz aos jovens de uma época em que o mundo era construído e vivido por adultos.
Para o diretor, morto aos 68, em 1979, se as regras fossem adequadas, aqueles submetidos a elas iriam abraçálas e não obedecê-las sem desfrutá-las. O mais famoso de seus 23 longas é “Juventude Transviada”, de 1955, com James Dean como um personagem agressivo e frágil.