Folha de S.Paulo

Novo filme com Danilo Gentili é agressivo e rasteiro

Comédia trash sangrenta ‘Loira do Banheiro’ é a encarnação do mal; é mal escrita, mal dirigida e mal interpreta­da

- Thales de Menezes

“Os Exterminad­ores do Além Contra a Loira do Banheiro” nãoéengr aça do.Éagr essivo, rasteiro, escatológi­co e politicame­nte incorreto. Poderia ser tudo isso e ainda assim vingar como comédia, mas simplesmen­te não tem graça.

O segundo filme protagoniz­ado por Danilo Gentili com direção de Fabrício Bittar é mais ambicioso que o anterior, “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”. Sua inspiração é um cinema trash sangrento trintão, universo de filmes como “Re-Animator” (1985), no qualé inserida uma paródia de “Os Caça-Fantasmas” (1984).

Não adianta discutir o quanto de originalid­ade possa existir nessa proposta, porque o projeto afunda num filme indigente.

Como representa­nte do cinema de terror, “Os Exterminad­ores do Além Contra a Loira do Banheiro” é a encarnação do mal. É mal escrito, mal dirigido e mal interpreta­do.

O quarteto de caçadores de assombraçã­o é formado por Gentili e mais dois nomes de fama no stand-up, Murilo Couto e Léo Lins, além de Dani Calabresa, a única integrante que sabe atuar, embora não tenha chances de tirar o filme da mediocrida­de.

O grupo, apenas uns picaretas que inventam histórias assombrada­s num canal do YouTube, é contratado pelo diretor de uma escola em que os alunos acreditam na presença da Loira do Banheiro.

Para capturar essa lenda urbana brasileira, a equipe vai passar uma noite no colégio.

A loira existe e passa a perseguir todo mundo. Cabeças explodem e o sangue cobre as paredes, enquanto os personagen­s parecem disputar quem tem as falas mais idiotas e as reações mais estúpidas.

A loira existe, mas o roteiro não. A sequência de ações não faz o menor sentido, como se todo o elenco estivesse improvisan­do o que dizer no momento seguinte.

Lins e Couto têm bom histórico no stand-up, mas não são atores. Gentili supera a todos. Não tem o menor talento para atuar. Repete suas falas como um aluno de 12 anos numa peça da escola.

O humor da produção tem o nível intelectua­l dos piores momentos dos Trapalhões. Mas com um problema sério. Se a turma do Didi era bobinha e inofensiva, a do Gentili é extremamen­te desagradáv­el.

O filme faz piadas (ruins) com necrofilia, mal de Parkinson, racismo, pedofilia, idosos e estupro. A escatologi­a não tem freio. Entre tantas, duas cenas estão abaixo de qualquer crítica. Um personagem luta contra um feto possuído por um espírito maligno, numa sequência que lida com masturbaçã­o e vômitos, enquanto outro precisa enfrentar um cocô que ganha vida própria.

A discussão sobre limites do humor merece atenção. Mas não vale associar esse debate a um produto tão fraco.

“Loira do Banheiro” tem um caráter nocivo. Porque muita gente pode ver essa coisa e achar que é assim que se faz cinema. Só resta torcer para que nenhum jovem da plateia decida fazer filmes inspirado nesse tremendo equívoco.

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Divulgação Danilo Gentili em ‘Os Exterminad­ores do Além Contra a Loira do Banheiro’

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