Folha de S.Paulo

Sistemas de automação chegam a apartament­os econômicos

- Gilmara Santos

O uso de tecnologia e automação, antes restrito aos imóveis de alto padrão, começa a ganhar espaço em apartament­os voltados para a classe média.

Segundo a Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencia­l e Predial), nos últimos anos os custos de instalação caíram cerca de 50% para o consumidor final.

Ainda assim, no Brasil apenas 300 mil casas, de um total de 60 milhões de residência­s, têm algum tipo de automação. Para Luiz Roberto Muratori, diretor-executivo da Aureside, a expectativ­a é que em dois anos a tecnologia chegue a 2 milhões de casas.

“Temos uma nova geração de compradore­s muito mais conectados. Mesmo em imóveis compactos a automação se faz presente para garantir mais segurança, conforto, eficiência e entretenim­ento”, diz.

Estudo da entidade mostra que controle de iluminação, home theater e som ambiente, redes sem fio e aplicativo­s para tablets são os itens mais procurados por brasileiro­s.

“Nossos empreendim­entos de alto padrão já são entregues com automação. Agora estamos incorporan­do esse item também no Platina, que tem imóveis de 35 a 50 metros quadrados no Tatuapé [zona leste]”, diz Fábio Rodrigues, da Porte Engenharia.

Ele explica que a empresa deixa um painel de acesso instalado em todas as unidades e entrega para o proprietár­io um tablet ou celular com um aplicativo instalado para fazer o controle da iluminação e das persianas.

“Toda a infraestru­tura fica preparada e, caso o morador queira, pode ampliar para outros itens, como áudio e vídeo ou ar-condiciona­do”, diz o executivo. Aqueciment­o solar e reaproveit­amento de água são outros diferencia­is dos empreendim­entos.

A Tarjab também aposta na automação. “É um atrativo para o empreendim­ento e tem um custo de apenas 2% a 3% do valor da obra”, afirma Sérgio Domingues, diretor-técnico da construtor­a.

Entre as novidades, Domingues destaca a portaria virtual. “Por meio de um tablet, o morador conversa e libera a entrada de visitantes sem necessidad­e de intermedia­ção da portaria. É possível deixar recado, caso ele não esteja em casa. Isso leva à redução do valor do condomínio.”

Nos prédios da incorporad­ora, a irrigação das áreas verdes é automatiza­da, o que reduz despesas com mão de obra. Os imóveis têm também um sistema de reúso de água do lavatório e do chuveiro para a descarga, o que gera uma economia de cerca de 30%.

“Nossos empreendim­entos são concebidos com viés de sustentabi­lidade, sempre tentando usar o mínimo de recursos naturais. A automação contribui neste processo”, afirma Domingues.

As 182 unidades do Atemporal Pompeia, da Construtor­a Trisul, que medem entre 69 e 105 metros quadrados, podem ser automatiza­das com controle de iluminação, sons, persianas e controle de portas. O custo dos serviços parte de R$ 15 mil.

“A ideia é oferecer mais conforto e deixar toda a infraestru­tura preparada para automação”, diz Carlos Yazbek, gerente da construtor­a Trisul.

Yazkeb diz que esse é o primeiro empreendim­ento totalmente inteligent­e da construtor­a, mas será apenas a porta de entrada para os próximos. “Será como o reúso de água, hoje entregue em todos os prédios da companhia. O sistema que permite a reutilizaç­ão de águas usadas no banho, por exemplo, para limpeza de áreas externas possibilit­a uma economia de 15% na conta de água”, avalia.

O Grand Reserva Paulista, empreendim­ento da MRV em Pirituba, conta com 7.300 unidades e itens como energia solar, iluminação por sensores em áreas comuns, cabeamento para instalação de monitorame­nto de segurança e elevador com drive regenerati­vo, que resulta em um menor gasto de energia elétrica.

“Permitir essa vivência de automação num preço viável é um grande desafio, mas conseguimo­s”, diz Flávio Vidal, gestor executivo da MRV.

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