Folha de S.Paulo

Diversioni­smo petista

- Leandro Colon

O diretório nacional do PT se reuniu em Brasília um mês depois da derrota eleitoral de Fernando Haddad para Jair Bolsonaro.

No sábado (1º‘), divulgou um documento final do encontro. O balanço de oito páginas é recheado de clichês e bravatas capazes de fazer inveja a panfletos de centros acadêmicos.

O partido transfere a responsabi­lidade por seu fracasso na disputa presidenci­al ao que chama de “classes dominantes”, formadas, segundo o petismo, por políticos, setores da mídia, parte do judiciário, e “algumas forças externas”, todos agindo desde o final do segundo turno de 2014, diz a conclusão do diretório.

Em outro trecho, a sigla afirma que, após o impeachmen­t de Dilma Rousseff, a “coalizão golpista não cessou sua caçada judicial contra o PT e o presidente Lula”. “Com a condenação e a prisão injustas dele, setores que dirigem o judiciário trabalhara­m para legitimar a narrativa da extrema direita: o PT apresentad­o como uma ‘organizaçã­o criminosa’”, destaca o comando petista.

O documento diz ainda que a candidatur­a de Lula foi cassada “ilegalment­e” e que foi correta a estratégia de “lutar até o limite” pela manutenção da candidatur­a do ex-presidente, condenado e preso em Curitiba. “Lula Inocente! Lula Livre!”, termina a resolução aprovada no sábado.

Sugestões internas foram dadas para que esse balanço incluísse autocrític­as, inclusive sobre a política econômica do segundo governo Dilma Rousseff, considerad­a nos bastidores por figuras petistas como peça importante do declínio partidário.

Mas, não. No fim, optou-se por ignorar erros, como insistir em uma candidatur­a que jamais prosperari­a, além de não admitir omissões que levaram a uma corrupção desenfread­a nos governos do partido.

Legendas se organizam para uma oposição a Bolsonaro e não querem nem ver por perto o PT, que elegeu a maior bancada da Câmara. Uma oposição forte e coesa é imprescind­ível para o jogo democrátic­o. A arrogância e o diversioni­smo dos petistas só favorecem o novo governo.

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