Folha de S.Paulo

Só paciência fará do São Paulo uma equipe forte

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

O São Paulo só venceu 1 de 5 jogos sob o comando de André Jardine. Perdeu duas, empatou outras duas vezes. Jogará a Libertador­es de 2019, mas só chegará à fase de grupos se passar por dois mata-matas.

Na prática, isso significa estrear no dia 5 de fevereiro. Um mês de treinos amenos doque o Palmeiras. No ano passado, o Botafogo passou pelos dois playoffs, chegou às quartas de final, mas esgotou-se. Só venceu 1 de suas 7 partidas a partir de novembro. O ano se iniciou, mas também terminou mais cedo. O risco será o mesmo para o São Paulo.

O presidente Leco confirmou André Jardine como treinador. Só uma vitória, mas já mudou o estilo são-paulino.

Em sua estreia, empate contra o Grêmio, o São Paulo teve seu maior índice de posse de bola de toda a campanha do Brasileiro, até então: 66%. Com Diego Aguirre, o recorde tinha sido de 62%, na derrota para o Palmeiras, no Mo- rumbi. Nas rodadas seguintes, Jardine fez seu time che- gara 67% no triunfo contra o Cruzeiro, 55% na derrota para o Vasco, 62% no insosso 0 a 0 contra o Sport.

Está de volta o dilema tricolor dos últimos anos. Em 2014, o São Paul ode Muricy priorizava apos sede bola. Teve apenas o terceiro maior número de gols e foi vice-campeão. No ano passado, com Rogério Ceni e Dorival Júnior como treinadore­s, registrou a maior posse de bola do Brasileiro. Teve apenas o 11º número de gols. O time troca passes e não balança as redes.

O controle dabo laéa formamais moderna dese jogar. É como faz oM anches terCity, de Guar diola, oChel- se a,d eM auri zio S arri, o Barcelona, de Ernesto Valverde, o Borussia Dortmund, de Lucien Favre. Hoje se chama de jogo posicional. Nãoé necessário usara terminolog­ia para entenderas triangulaç­ões. Quando o ataque está baseado em triângulos, sempre haverá duas possibilid­ades de passe. O adversário terá mais dificuldad­e para marcar.

Nãoéaúnic amaneira de jogar bem. Ma séc omo Jardine pretende montar sua equipe.

É bom. Só existe uma exigência para fazer o time ter sucesso desta maneira: treinar. Tempo para isso é artigo de luxo no Brasil.

Contra a Chapecoens­e, diferente do que fez nos quatro primeiros jogos sob o comando de Jardine, o São Paulo atuou de maneira mais conservado­ra. Nos 30 minutos iniciais, fi couco mabola apenas 42% do tempo. No fim, 53%.

Talvez por opção, por saber quen um jogo decisivo se- ria melhor usar amaneira de atuar mais habitual durante todo o ano.

Com Jardine, o São Paulo tentará pela terceira vez na déca- da priorizara utilização de jo- gadores das divisões de base.

Não significa ser escravo do Centro de Treinament­o de Cotia, onde nascem as revelações. Só dará certos e houvera mescla entre jovens e maduros. Po- de ser ótimo existir um elenco em que Hudson, Ar bole da, Bruno Alves, Rei naldo, Diego Souza, talvez Nenê, convivam com Helinho, Luan,Lizi ero, Anthonyequ em mais surgir.

Revelar significa não ficar à mercê de um mercado de empresário­s que só oferecem atletas de nível médio. Ter uma equipe treinada e capaz de triangular até envolver o adversário é raro no Brasil. Também é raro um clube que dê tempo aformar equipes sólidas. O desejo de feliz ano novo só pode vir acompanhad­o de um pedido por paciência.

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