Folha de S.Paulo

Brasileiro termina com baixa média de gols e maior público

Com 18,5 mil torcedores por partida, essa é a maior presença desde 1987

- Alberto Nogueira e Luiz Cosenzo

A última rodada do Campeonato Brasileiro, disputada sábado (1º) e domingo (2), teve um resumo do campeonato. Foram 17 gols, média de apenas 1,7 por partida.

Questionad­o pelo baixo nível técnico dos jogos, o torneio terminou com a pior média de gols da era dos pontos corridos, iniciada em 2003.

A atual edição teve média de 2,18 gols por confronto. Nos 380 jogos da competição, as equipes marcaram 827 vezes.

O ano com o melhor número foi justamente o que inaugurou o formato, em 2003, quando a média foi 2,89 por confronto. Na época, o torneio tinha 24 clubes —hoje são 20.

No geral, o número é o pior desde 1990, quando o campeonato foi encerrado com média de 1,89 gol por jogo.

Um dos motivos dessa queda é que várias equipes apresentar­am o chamado futebol reativo, com menos posse de bola e aposta principalm­ente nos contra-ataques.

Campeão nacional, o Palmeiras teve também o melhor ataque: marcou 64 gols, o que correspond­e a 1,68 por jogo. É a quarta pior marca do líder nesse quesito em 16 edições.

O melhor desempenho nes- se período é do Santos, que fez 103 gols em 46 partidas na edição de 2004, quando faturou o seu último título do Brasileiro. A média de gols foi de 2,24.

Outro dado curioso é que o Paraná, último colocado e rebaixado a seis rodadas do fim, terminou o campeonato de 2018 com o pior ataque da história dos pontos corridos. O time de Curitiba fez 18 gols —0,47 por partida.

Antes, a marca negativa pertencia ao Náutico, que fez 28 gols em 38 jogos, o que correspond­e a 0,58 por duelo.

O ex-treinador da seleção Carlos Alberto Parreira, 75, disse à Folha em setembro, quando a reportagem já apontava escassez de gols no Brasileiro, as razões que poderiam explicar o fenômeno.

“No Brasil, ligada ao desequilíb­rio técnico está a disparidad­e financeira entre clubes grandes e pequenos. Existe, sim, uma preocupaçã­o em primeiro não tomar o gol, para depois jogar por uma bola. É muito mais fácil se defender do que criar”, disse.

Há exceções. Além do ataque mais positivo na edição deste ano, o Palmeiras terminou também com a melhor média defensiva. O time foi vazado 26 vezes em 38 jogos, uma média de 0,68.

O setor se destacou com a chegada de Felipão ao comando do time, no fim de julho. Com ele, foram 11 gols em 22 jogos, média de 0,50.

O número pós-Felipão é igual ao do São Paulo, dono da melhor defesa dos pontos corridos. Em 2007, o time dirigido por Muricy Ramalho sofreu apenas 19 gols em 38 jogos, média de 0,50 por partida.

Outro número que voltou a crescer neste ano foi o da troca de treinadore­s. Foram 29 substituiç­ões, 6 a mais do que na temporada passada.

Nesta edição, os times apostaram em novatos no início do torneio. A média de idade foi a mais baixa desde 2007: 48,2 anos. Há 11 anos, foi de 47,6.

Mas, a medida que o campeonato foi avançando, os clubes recorreram a treinadore­s mais experiente­s. Caso do Palmeiras, que trocou Roger Machado, 42, por Felipão, 70 —o técnico se tornou o mais velho campeão brasileiro.

Assim, a média etária subiu para 51,6 anos na 32ª rodada —no fim, esse número ficou em 49,1, abaixo do que havia sido no ano anterior: 50,5 anos.

Se nos gols marcados os times deixaram a desejar, o Brasileiro de 2018 trouxe um alento: o aumento da presença de torcedores nos estádios. A média de público foi de 18.468 pessoas até a 37ª rodada.

Até a conclusão desta edição, ainda não havia informação consolidad­a da 38ª rodada.

Mas muitos dos estádios estavam cheios. Em São Paulo, por exemplo, o Allianz Parque recebeu 41.256 torcedores para ver o Palmeiras levantar a taça de campeão.

No Maracanã, 66.046 torcedores assistiram ao Flamengo perder para o Atlético-PR por 2 a 1, no sábado, e registrara­m o maior público do ano no Brasileiro. Em Fortaleza, o Ceará levou 57 mil pagantes ao Castelão, no empate por 0 a 0 com o Vasco.

A média de 18.468 pessoas por partida não é apenas a maior no formato atual do campeonato, mas a melhor desde 1987, quando foram registrado­s 20.877 torcedores por confronto.

Uma das explicaçõe­s é que sete times estiveram na liderança neste ano, algo que não acontecia desde 2003. Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Internacio­nal, Atlético-MG, Atlético-PR e Corinthian­s passaram pela ponta da tabela.

A equipe alviverde liderou por 12 rodadas. Assumiu na 27ª e não a perdeu. O time que ficou mais tempo na frente foi o vice-líder, Flamengo (13). O recordista em uma mesma edição com 20 times é o Corinthian­s, com 34, em 2017.

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