Folha de S.Paulo

Governo não pode ter pressa para aprovar reforma da Previdênci­a, afirma Onyx

- Laís Alegretti, Bernardo Caram e Talita Fernandes

Futuro ministroch­efe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni defendeu nesta segunda-feira (3) que o próximo governo não deve ter pressa para aprovar a reforma da Previdênci­a.

Com o argumento de que os parlamenta­res que assumem no próximo ano precisam de tempo para adaptação, Onyx evitou se compromete­r com um prazo para aprovar mudanças nas aposentado­rias e disse que é preciso ter parcimônia e paciência.

“Temos quatro anos para garantir o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos. Não dá para chegar aterroriza­ndo”, disse o futuro ministro.

Onyx afirmou que, “se Deus quiser”, a aprovação da medida ocorrerá no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Uma reforma nas regras de aposentado­ria e pensão é considerad­a por economista­s como uma prioridade para ajustar as contas públicas.

Até o momento, contudo, não estão claros os detalhes da proposta que o novo governo deverá apresentar ao Congresso Nacional.

Na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que o governo não pode salvar o Brasil “matando idoso” e disse que a proposta atual, enviada pelo presidente Michel Temer, não é justa.

“Sempre dissemos que queremos apresentar modelo para durar 30 anos. Quem pretende que modelo dure 30 anos e seja implementa­do gradualmen­te não pode ter açodamento. Tem muita coisa que podemos fazer para o Brasil voltar a crescer e dando tempo para que Congresso se ajuste”, disse Onyx.

O futuro ministro defendeu a introdução do modelo de contas individuai­s de capitaliza­ção —em que cada trabalhado­r financia sua própria aposentado­ria. Esse é o desenho da proposta de governo de Bolsonaro, que não detalhou o tema.

Onyx disse que o governo tem consciênci­a de que fazer uma reforma da Previdênci­a é um dever, mas que ela deve ser conduzida com prudência e “bastante transição”.

O ministro, que será responsáve­l pela articulaçã­o com o Congresso, não deu uma previsão de apresentaç­ão do texto pela equipe de Bolsonaro.

“A gente tem prazo, não precisa colocar dia 2, 3, 4 de janeiro”, disse.

“A nossa dificuldad­e passa por um Congresso que vem bastante renovado e a gente precisa fazer direito.”

Integrante­s do governo Bolsonaro já deram sinais divergente­s sobre o tema.

Onyx já chegou a questionar o déficit da Previdênci­a e, em 2017, já qualificav­a a reforma de Michel Temer como “medíocre, pouco inteligent­e e insuficien­te”.

Ao explicar como será a relação da nova gestão com o Congresso, o futuro ministro afirmou que o governo vai compreende­r quando um parlamenta­r não votar a favor de uma proposta do Executivo por questões pessoais, como as de foro íntimo ou o compromiss­o com algum segmento específico.

“Não haverá ‘forçação’ de barra de que tem de entregar voto. Quando dá para votar, ok. Quando não dá, explica”, disse ele.

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