Folha de S.Paulo

Comerciant­e, contador de piadas virou figura histórica

- Fernanda Canofre coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo Quando a primeira lotérica de Monte Alto (interior de SP) abriu, nos anos 1970, a fila de apostadore­s dobrava o quarteirão. No fim do dia, Orville Castelleti Busnardi, o dono da loja, embarcava em um ônibus para a capital paulista (a 370 km), para registrar todos os jogos.

A lotérica fez de Orville um personagem histórico do centro da cidade. Numa aposta ali, um funcionári­o da casa conseguiu um prêmio equivalent­e a 50 casas populares. Quando alguém ganhava, apostadore­s de toda a região apareciam por lá.

Mas a fama ia além das apostas. Quem entrava na loja de Orville encontrava roupas, brinquedos, material de papelaria e um senhor pronto para contar piadas e causos sobre a cidade.

Nascido em Itajobi, ele se mudou para Monte Alto por amor. Em 1962, conheceu em um baile de Carnaval, em Urupês, Sirlei. Na mesma noite em que foram apresentad­os, Orville juntou um grupo de amigos e lhe ofereceu uma serenata. Quando casaram, decidiram viver na cidade natal dela.

Lá, Orville continuou organizand­o os bailes mais famosos da região no Monte Alto Clube, que presidiu por 14 anos.

Durante cinco décadas, o casal conduziu junto a casa da família e a loja. Aos 88 anos, seu Orville não gostava de falar em aposentado­ria. Num sábado, 24 de novembro, depois de trabalhar a semana toda, ele teve uma parada cardíaca e morreu.

“Meu pai era alegre, era nervosinho, gostava de viver. Ele até ficou bravo com a minha mãe, quando ela decidiu começar a pagar por um plano de funerária”, conta a filha Cláudia. “Ele tinha um coração maravilhos­o.”

Além dela, seu Orville deixa a esposa, o filho Orville Jr., nora e quatro netos.

7º DIA

GUIOMAR NANNETTI RUBIO Nesta terça (4/12) às 19h30, Igreja São João de Brito, rua Nebraska, 868, Brooklin, São Paulo

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