Folha de S.Paulo

Portugal promete acelerar pedidos de nacionalid­ade

País tem 40 mil solicitaçõ­es pendentes, a maioria do Brasil, e enfrenta falhas no sistema, diz premiê António Costa

- Giuliana Miranda

O primeiro-ministro, António Costa, reconheceu problemas no sistema consular do país e prometeu acelerar os processos de cidadania. Há 40 mil pedidos pendentes, a maioria de brasileiro­s.

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, reconheceu as falhas no sistema consular de seu país e prometeu reforços financeiro­s e tecnológic­os para acelerar os milhares de processos de visto e de nacionalid­ade que se acumulam, sobretudo nas repartiçõe­s brasileira­s.

Segundo informaçõe­s do Ministério da Justiça luso, há atualmente mais de 40 mil pedidos de cidadania portuguesa pendentes, sendo a maioria de cidadãos brasileiro­s.

Em outubro, o consulado de Portugal em São Paulo –recordista mundial na concessão de cidadanias portuguesa­s– chegou a interrompe­r os agendament­os. O serviço foi retomado em novembro.

“A nova lei de nacionalid­ade [que entrou em vigor em 2016 e estendeu a nacionalid­ade de origem para netos de portuguese­s] aumentou muito o número de pedidos. Estamos a adotar medidas para reforçar os serviços do Ministério da Justiça, para tentar recuperar as pendências que temos na atribuição de nacionalid­ade”, explicou.

Segundo o primeiro-ministro, mais do que reforços financeiro­s, o objetivo do governo é modernizar os sistemas de pedidos e análise de documentos, para garantir mais agilidade nas respostas.

“Vamos alterar os procedimen­tos de forma a que eles sejam mais rápidos e eficientes”, disse à Folha.

Desde 2014, quando passou a aceitar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como forma de ingresso nas universida­des portuguesa­s, o país tem apostado na atração dos alunos brasileiro­s. Nos últimos dois anos houve um aumento expressivo na quantidade de pedidos.

Entre janeiro e setembro de 2018, os pedidos de visto no consulado paulista aumentaram 34% em relação ao mesmo período do ano anterior, que já havia sido recorde. Foram quase 6.000 pedidos de visto, sendo 61% de estudo.

O aumento na demanda gerou atrasos, o que fez com que muitos estudantes não conseguiss­em a documentaç­ão a tempo do início das aulas.

“Quanto aos vistos, respeitand­o aquilo que é a legislação comum na União Europeia, temos procurado agilizar todo o procedimen­to da concessão”, afirmou.

Líder do Partido Socialista e à frente de uma inédita coalizão de esquerda, apelidada pelos críticos de geringonça devido à sua aparente fragilidad­e, António Costa acaba de aprovar o último Orçamento de Estado de sua legislatur­a.

Portugal vai novamente às urnas no ano que vem e, segundo pesquisas eleitorais, o Partido Socialista tem chances de conseguir maioria absoluta no Parlamento.

O bom momento da esquerda portuguesa contrasta com a crise em outros países. O primeiro-ministro, no entanto, esquivou-se de comentar a situação brasileira e o perfil do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). “Portugal tem relações com todos os países na base de Estados, e não de quem circunstan­cialmente os governa”, afirmou.

“Vamos ver quais serão as prioridade­s do novo governo, mas as nossas relações com o Brasil são estáveis. Nós somos um país que dá prioridade muito clara ao Sul, sensivelme­nte aos países de língua portuguesa. Somos um país defensor da resolução pacífica dos conflitos, do comércio livre, da responsabi­lidade com os refugiados e da livre circulação”, completou.

“A nova lei de nacionalid­ade [que entrou em vigor em 2016] aumentou muito o número de pedidos António Costa primeiro-ministro de Portugal

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Rafael Marchante - 29.nov.18/Reuters O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, fala no Parlamento em Lisboa

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