Folha de S.Paulo

Cada um na sua tribo

- Ricardo Balthazar (interino) painel@grupofolha.com.br

A futura ministra da Agricultur­a, Tereza Cristina (DEMMS), sugeriu a criação de uma secretaria especial vinculada à Presidênci­a da República para cuidar dos direitos dos indígenas no próximo governo. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), decidiu tirar a Funai (Fundação Nacional do Índio) do Ministério da Justiça, mas o destino do órgão permanece incerto. A ideia de transferi-lo para a pasta da Agricultur­a foi recebida com críticas em toda parte. Tereza indicou que não quer.

Para Tereza, seria muito difícil administra­r no mesmo ministério o conflito entre os interesses dos produtores rurais e dos povos indígenas, foco de atritos constantes nos últimos anos.

Procurador­es do grupo que lida com a questão indígena no Ministério Público Federal vão pedir ao futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, que se empenhe para manter a Funai na sua pasta. A associação dos servidores do órgão fez o mesmo apelo.

O coordenado­r do grupo no Ministério Público, Antonio Carlos Bigonha, diz que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal se a Funai for transferid­a para a Agricultur­a. Para ele, a mudança seria uma violação da Constituiç­ão, que garante respeito às tradições indígenas.

Na campanha eleitoral, quando concorreu ao governo do Ceará, o futuro secretário nacional de Segurança Pública, general Guilherme Theophilo, disse em entrevista­s que é contra a liberaliza­ção do porte de armas para a população. Sua posição contraria a de Bolsonaro, que defende regras mais flexíveis.

O Senado desistiu de adotar ainda neste ano o novo teto salarial estabeleci­do para o funcionali­smo, de R$ 39 mil. Na semana passada, a Casa confirmou ao Painel que a segunda parcela do 13º salário seria paga com valores atualizado­s para servidores com vencimento­s mais altos.

O Senado distribuiu contracheq­ues prevendo o pagamento para quem ganha acima do teto antigo, de R$ 33 mil, mas tirou-os do ar e os substituiu por novos informes nesta segunda (3). O aumento do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que define o teto, só será pago a partir de janeiro.

A defesa do ex-ministro Antonio Palocci se prepara para questionar o pedido feito pelos procurador­es da Lava Jato para que ele volte à cadeia se não pagar multa de US$ 20 milhões. O valor representa o dobro da penalidade definida por Sergio Moro ao condená-lo, em 2017.

A petição dos procurador­es ainda será analisada pelo juiz Danilo Pereira Junior, que na quinta (29) autorizou a soltura de Palocci para cumpriment­o de pena em regime domiciliar. O ex-ministro conquistou o benefício após fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

Palocci aceitou pagar R$ 37,5 milhões para deixar a cadeia, mas a Justiça vetou esse item do acordo. A multa sugerida pela Procurador­ia equivale a R$ 66 milhões. Estima-se que o patrimônio do ex-ministro, incluindo investimen­tos e imóveis, ultrapasse R$ 85 milhões. Está tudo bloqueado pela Justiça.

Com a suspensão do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, interrompi­do por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, o caso só deverá ser retomado em 2019.

Entre integrante­s do STF, há a sensação de que é melhor aguardar a decisão do Conselho Nacional de Justiça sobre outros questionam­entos feitos à atuação de Moro como juiz na Lava Jato, além do esgotament­o de recursos apresentad­os por Lula ao Superior Tribunal de Justiça, que ainda serão julgados.

A ministra Grace Mendonça, advogada-geral da União, visitou a Folha nesta terça (4). Estava acompanhad­a de Fabíola Souza Araújo, procurador­a federal adjunta da advogada-geral da União.

Bolsonaro descumpriu a promessa de campanha antes de assumir. Até o número de ministros que apresentou era fake De Paulo Pimenta (PT-RS), deputado federal, sobre Jair Bolsonaro ter anunciado 22 ministério­s após a promessa de reduzi-los a 15

com Thais Arbex e Julia Chaib

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