Otimismo com trégua na guerra comercial acaba, e Bolsas despencam
Tuíte de Trump de que pode virar o ‘homem tarifa’ faz índices acionários nos EUA caírem mais de 3%
O otimismo do mercado financeiro com a trégua na guerra comercial, firmada no final de semana entre EUA e China, durou um pregão.
Nesta terça (4), as Bolsas americanas despencaram e levaram outros índices globais a reboque, reflexo da percepção de investidores de que a economia global deve desacelerar. A Bolsa brasileira recuou mais de 1%, e o dólar voltou a subir.
O movimento foi reflexo de uma mensagem do presidente dos EUA, Donald Trump, publicada no Twitter. Ele retomou o tom bélico contra a China ao dizer que, se as negociações fracassarem, ele se transformará no “homem tarifa”.
O gatilho de pânico foi disparado com o movimento da curva de juros americana em direção que é lida como termômetro de recessões. Quando os juros de longo prazo se aproximam de zero ou ficam em patamar mais baixo que as taxas de curto prazo, investidores entendem que há um indício de crise a caminho.
Outro termômetro de pânico do mercado, o índice VIX negociado na Bolsa de Chicago, disparou 19,4% nesta terça.
Na própria segunda, o mercado já havia perdido força ao longo da tarde, após o anúncio da indicação do representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, para comandar as negociações com o governo chinês.
Ele é visto como mais alinhado à disputa tarifária que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, preferido pelos chineses. Foi a primeira pista de que um acordo para interromper a escalada da disputa comercial seguirá difícil.
A trégua de 90 dias, acertada no fim de semana entre Trump e o líder chinês, Xi Jinping, foi inicialmente vista com bons olhos pelo mercado.
Sem guerra comercial, a desaceleração da economia mundial pode ser menor que a inicialmente prevista.
Por enquanto, a economia americana ainda apresenta sinais sólidos de crescimento, com PIB avançando cerca de 2,5%, mas a expectativa é que perca vigor.
Enquanto isso, a economia chinesa já apresenta sinais de ritmo menor de expansão, o que contribuiria para pôr freio no crescimento de outros países, pela redução das importações do país asiático.
O Ibovespa acompanhou o dia negativo e recuou 1,33%, para 88.624 pontos.
As Bolsas americanas apre- sentavam perdas ainda mais expressivas e caíram mais de 3%. O Nasdaq recuou 3,80%.
O dólar avançou 0,44%, para R$ 3,86.