Novato leva Atlético-PR a decisão continental
Tiago Nunes, 38, passou por teste de redação para dirigir o time que nesta quarta (5) faz a 1ª final da Sul-Americana
JUNIOR BARRANQUILLA ATLÉTICO-PR
22h45, Metropolitano Barranquilla Na TV: SporTV e Fox Sports
Antes de assumir o comando do Atlético-PR e levar o time à final da Copa SulAmericana, o técnico Tiago Nunes, 38, passou por um processo seletivo extenso, com direito a prova de redação.
O teste, em abril de 2017, o levou a assumir a equipe sub19. Ele venceu a concorrência de outros dois profissionais.
O treinador, porém, já estava no radar do departamento de futebol dos paranaenses desde 2013, quando trabalhou na base do Grêmio. Três anos depois, foi convidado pelo Atlético-PR para dirigir o sub-20 da Ferroviária, com quem a equipe tinha parceria.
Na sequência surgiu o convite do Veranópolis. Após ficar em quinto lugar na primeira fase do Campeonato Gaúcho em 2017, ele foi chamado para o processo seletivo.
“Avaliamos a trajetória, a formação acadêmica, o currículo, uma dissertação expondo as ideias, experiências, conceitos e a visão dele para trabalhar no Atlético-PR e uma entrevista”, diz o ex-gerente do Departamento de Informação do Futebol da equipe Willian Thomas, que deixou o cargo em janeiro.
“Ele tinha um perfil que nos agradava e se encaixou naquilo que pensávamos de proposta de jogo, de identidade para o clube. A escolha se mostrou boa tanto na teoria quanto na prática. O Tiago Nunes é uma pessoa de equipe, de grupo, tem conhecimento em todas as áreas”, afirma Paulo Autuori, que na oportunidade era o Tiago Nunes, 38
Nascido na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do
Sul, Tiago Retzlaff Nunes nunca foi jogador de futebol profissional. Começou como preparador físico e foi auxiliar antes de se tornar treinador. Durante seus 13 anos de carreira, ele passou por clubes de diversos estados brasileiros, como BacabalMA, Luverdense-MT, Novo Horizonte-GO, Rio BrancoAC e Nacional-AM. Desde 2017 trabalha no Atlético-PR e, hoje, é técnico interino treinador da equipe principal.
No início, Tiago Nunes comandou a equipe sub-19 no estadual da categoria e no Brasileiro sub-20, onde foi semifinalista. Neste ano, dirigiu o time de aspirantes na conquista do Campeonato Paranaense.
O Atlético-PR abriu mão de jogar o estadual com sua formação principal por uma prétemporada maior, de olho em outras competições. O time titular era dirigido por Fernando Diniz, demitido durante a parada da Copa do Mundo.
Na oportunidade, o clube paranaense ocupava a vicelanterna do Brasileiro, com 9 pontos após 12 rodadas.
Sem encontrar um substituto, a diretoria anunciou Tiago Nunes como interino. O clube arrancou e terminou na sétima colocação, com 57 pontos. A campanha foi a segunda melhor do returno.
A vaga na Libertadores de 2019, que escapou por uma posição, pode vir em caso de título na Sul-Americana. Seria a primeira conquista internacional do clube, finalista da Libertadores de 2005.
A equipe disputa a primeira partida da decisão contra o Junior Barranquilla nesta quarta (5), na Colômbia. O segundo confronto está marcado para o dia 12, na Arena da Baixada.
Não foram apenas os resultados da equipe que chamaram a atenção na reta final da temporada, mas também o estilo de jogo do Atlético-PR.
O sucesso, segundo Nunes, se deve a uma retomada das ideias de Autuori, técnico do time de maio de 2016 a março de 2017 —depois ele ainda assumiu a função de diretor.
Com Nunes, a equipe passou a ter mais verticalidade e voltou a atuar com uma linha defensiva de quatro atletas (eram três com Diniz).
Jovens como o zagueiro Léo Pereira, 22, e o lateral esquerdo Renan Lodi, 20, se firmaram na equipe principal.
“O que me surpreendeu foi o seu método moderno de treinamento e a gestão de pessoas. Ele é bastante coerente, verdadeiro. Tem o senso de unir o grupo”, afirma o volante Pierre, ex-Palmeiras, que passou pelo Atlético-PR no primeiro semestre deste ano.
Como auxiliar, preparador físico e técnico, ele já trabalhou em 22 clubes de oito estados. “Descrevo o Tiago Nunes como destemido. Essa migração de preparador físico para treinador foi importante. Ele tem dois pilares: a gestão de pessoas e a parte conceitual, técnica e metodológica dentro de campo”, diz Thomas.
A partir desta quarta, o técnico que passou pelo processo seletivo vai encarar sua maior prova à frente do Atlético-PR.