Folha de S.Paulo

Contas de campanha de Bolsonaro são aprovadas com ressalvas no TSE

Presidente eleito inicia, com MDB e PRB, reuniões com bancadas, mas insiste que não busca apoios declarados de partidos políticos

- Talita Fernandes, Camila Mattoso, Ranier Bragon e Laís Alegretti Pedro Ladeira/Folhapress

Em seu primeiro contato direto com as bancadas partidária­s do Congresso, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), usou o discurso antipetist­a como forma de tentar convencer os parlamenta­res a apoiar o seu governo.

Em encontros realizados nesta terça (4) no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde está montado o governo de transição, Bolsonaro afirmou que eventual fracasso de sua gestão representa­rá a volta ao poder do grupo que comandou o país de 2003 a 2016.

“Conversamo­s hoje à tarde com o MDB e com o PRB, a conversa foi bastante proveitosa. Temos grande identidade naquilo que vamos propor e grande parte foi dito para eles. O apoio vem por aí, eles sabem que nós não podemos errar. Se nós erramos, vai voltar o governo, aqueles que deixaram uma triste história do nosso Brasil”, disse, em referência indireta ao PT, legenda que derrotou na corrida presidenci­al.

Segundo relatos de deputados, a mensagem foi no sentido de que o barco é um só e que o êxito de sua gestão será o êxito de todos os parlamenta­res. “[Bolsonaro] Pediu pra gente caminhar juntos, porque se der certo para mim, dá certo para todo mundo. Se der errado, todo mundo perde”, afirmou o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG), na saída.

Desde que venceu as elei- ções, Bolsonaro mudou considerav­elmente o modelo de formação do governo. Excluiu das negociaçõe­s as cúpulas dos partidos políticos, priorizand­o indicações de bancadas temáticas, como a evangélica e a ruralista.

Desde quando teve início a transição, líderes partidário­s têm reclamado de não terem sido consultado­s para a formação de seu ministério, diferentem­ente do que foi feito em outros governos.

O êxito desse modelo nas votações no Congresso é visto com desconfian­ça pelas próprias frentes. Com isso, Bolsonaro começou a receber os partidos nesta terça, o que continuará a fazer nesta quarta (5) com PSDB e PR. A rodada de reuniões continuará na quinta e na próxima semana.

Apesar dos encontros, o presidente eleito disse que não busca apoio dos partidos.

“Não, não existe um alinhament­o automático de nenhum partido, não é isso que nós buscamos. Nós buscamos é um entendimen­to, o que eu tenho falado para eles: eu posso não saber a fórmula do sucesso, mas do fracasso é essa que foi usada até o momento, distribuir ministério­s, bancos, para partidos políticos. Essa fórmula não deu certo”, afirmou Bolsonaro ao ser questionad­o sobre algum partido já havia declarado que faria parte da base de seu governo.

A primeira bancada recebida foi a do MDB do presidente Michel Temer, atualmente a segunda maior da Câmara.

Entre os presentes estava o deputado Celso Jacob (MDBRJ), que está cumprindo em regime aberto a pena de 7 anos e dois meses por envolvimen­to em uma dispensa irregular de licitação.

Apesar de nos bastidores estarem preocupado­s por serem ignorados, oficialmen­te têm usado discurso de quem não esperam a política de troca de cargos por apoio.

“Nós estamos vivendo uma nova política. O MDB não reivindico­u cargos, não tem pretensão de indicar ninguém no governo, mas tem a responsabi­lidade de debater uma agenda programáti­ca”, disse Baleia Rossi (SP), líder do MDB na Câmara.

Além dos encontros no CCBB, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), foi ao Congresso se reunir com as bancadas do PSDB e do PSD.

Bolsonaro tem como prioridade anunciada no Legislativ­o, em 2019, a aprovação de uma reforma da Previdênci­a, o que, por alterar a Constituiç­ão, precisa do apoio de no mínimo 60% dos 513 deputados e 81 senadores, em duas votações em cada Casa.

Com o objetivo de impedir que o governo assuma com força expressiva na Câmara, o que enfraquece­ria o poder de barganha das legendas, líderes de vários partidos estão negociando a formação de um bloco para lotear o comando da nova legislatur­a.

Estão excluídos desse movimento o PT e o PSL do presidente eleito.

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Líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), e colegas de sigla após reunião com Bolsonaro

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