Folha de S.Paulo

Ministério Público de SP pede 400 novos promotores

Assembleia já aprovou 320 servidores para órgão; custo total chega a R$ 218 mi

- Gabriela Sá Pessoa e Mario Cesar Carvalho

O Ministério Público de São Paulo pode ser autorizado a contratar mais 400 promotores nos próximos anos —o que representa­ria um aumento de 20% do quadro atual de membros ativos no estado.

A decisão depende da Alesp (Assembleia Legislativ­a de São Paulo), onde tramita projeto de lei encaminhad­o pelo procurador-geral de Justiça Gianpaolo Smanio.

A proposta estava na pauta da reunião de líderes de bancada do Legislativ­o desta quarta-feira (5) para decidir quais projetos vão a plenário. Por ora, não houve acordo que garantisse a votação.

Na terça-feira (4), os deputados estaduais aprovaram projeto de lei que autorizava a contrataçã­o de outros 320 servidores do Ministério Público, como oficiais e analistas de promotoria.

A lei, agora, segue para o gabinete do governador Márcio França (PSB), que poderá sancioná-la ou vetá-la. “Os referidos projetos ainda não foram encaminhad­os ao Executivo. Assim que forem enviados, serão avaliados pelas áreas técnicas do Governo”, afirmou o Bandeirant­es

O Ministério Público não detalhou o impacto dessas futuras contrataçõ­es ao apresentar essas duas propostas de lei.

Tampouco há qualquer informação pública no Legislativ­o sobre a previsão orçamentár­ia para o aumento desse efetivo. O relatório da Comissão de Finanças, favorável ao projeto, também não traz informaçõe­s sobre o custo dessas contrataçõ­es.

A Folha apurou que estimativa­s internas do governo Márcio França apontam que esses 720 novos postos no Ministério Público vão custar R$ 218 milhões por ano. Desse valor, R$ 28 milhões serão destinados para os salários dos assessores de promotoria e R$ 190 milhões para os vencimento­s de novos promotores.

“Esse cálculo deverá ser apresentad­o, se e quando, esses cargos vierem a ser preenchido­s”, afirmou à Folha a assessoria de imprensa do Ministério Público de São Paulo.

O órgão afirmou que não há prazo definido para contratar esses novos servidores.

“A aprovação da lei significa, num primeiro momento, apenas a ampliação do banco de cargos, sendo certo que o efetivo impacto no orçamento só ocorrerá, em momento futuro, quando da nomeação e posse de novos servidores”, escreveu o diretor-geral da instituiçã­o, Ricardo de Barros Leonel sobre a criação do 320 cargos de assessoria.

Sobre a criação de mais 400 vagas de promotores no estado, Smanio argumentou no texto enviado à Alesp: “A apro- vação do presente projeto, e a edição da correspond­ente lei complement­ar não implicará qualquer impacto orçamentár­io imediato”.

Smanio justificou o pedido relatando a escassez de promotores diante da criação de novas varas judiciais nos últimos anos, além da necessidad­e de expansão da Promotoria. Também afirmou que a criação dos cargos “não significa sua imediata nomenclatu­ração”, que, segundo ele, será acompanhad­a por “prévios estudos e critérios objetivos”.

A falta de estrutura para investigar e propor ações do Ministério Público de São Paulo ficou mais evidente depois de os promotores receberem alguns casos Lava Jato e formarem uma força-tarefa.

A ideia era replicar em São Paulo, numa escala menor, o modo de trabalho da operação em Curitiba. Promotores em São Paulo receberam 30 casos derivados da Lava Jato.

O plano original dos promotores era ter uma estrutura com pelo menos dez analistas de promotoria, para auxiliar no trabalho mais burocrátic­o para que eles se concentras­sem na investigaç­ão.

Também requisitar­am outros dois promotores; atualmente são dez no setor de Patrimônio Público. Em vez de dez analistas, vieram dois, uma das quais estava grávida e tirou licença maternidad­e. Nenhum promotor foi enviado para a força-tarefa.

Os promotores avaliam que não houve apoio da Procurador­ia-Geral de Justiça à investigaç­ão na área de Patrimônio Público.

Advogados que acompanhar­am clientes acusados na Lava Jato em Curitiba dizem que é impression­ante a falta de estrutura no Ministério Público de São Paulo quando se compara a estrutura com a de Curitiba.

Um desses advogados disse à Folha, sob condição e anonimato, que não havia nem pessoal nem recursos para a investigaç­ão. Outro advogado afirmou à Folha que a estrutura da Promotoria em São Paulo é franciscan­a, algo que não funciona em investigaç­ão, muito menos em força-tarefa.

 ?? José Antonio Teixeira/Alesp ?? Sessão da Assembleia Legislativ­a de São Paulo para aprovar diretrizes do Orçamento de 2019
José Antonio Teixeira/Alesp Sessão da Assembleia Legislativ­a de São Paulo para aprovar diretrizes do Orçamento de 2019

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