Folha de S.Paulo

Polícia investiga maus-tratos a cachorro morto em hipermerca­do na Grande SP

- Lívia Marra bompracach­orro.blogfolha.uol.com.br

A morte de uma cadela, resgatada ferida de uma unidade do Carrefour em Osasco (Grande SP), provocou reações e levou à abertura de inquérito policial para investigar a suspeita de maus-tratos.

Apontado como responsáve­l por ferimentos no animal, o segurança da loja foi afastado preventiva­mente durante as investigaç­ões e é esperado para depoimento.

O cão estava havia alguns dias no local, era alimentado por funcionári­os e se aproximava das pessoas em busca de atenção. Após reclamaçõe­s de clientes, segundo a empresa, um empregado terceiriza­do tentou afastá-lo. As causas são apuradas, mas a ação que envolveu a retirada do cão da loja e seu resgate pode ter resultado na morte do animal.

O caso ocorreu no dia 28 de novembro e foi seguido por informaçõe­s conflitant­es. Na ocasião, o Departamen­to de Fauna e Bem Estar Animal foi acionado para resgatar a cadela, que estava sangrando, e usou um enforcador para a captura. Levada para atendiment­o emergencia­l, ela apresentav­a pressão baixa, vomito com sangue, tinha escoriaçõe­s múltiplas e morreu em seguida, segundo a prefeitura.

Como não havia denúncia de agressão na ocasião — mas suspeita de atropelame­nto —, a administra­ção municipal deu o destino esperado para o corpo, que foi cremado.

Imagens que mostram o cão próximo a manchas de sangue começaram a circular nas redes sociais dias depois com denúncias de maus-tratos. A hipótese de envenename­nto também foi levantada. Sem o corpo do animal para perícia, as investigaç­ões se restringem a depoimento­s e imagens de câmeras de segurança.

Na terça (4), a atriz Luisa Mell, militante da causa da causa da defesa animal, esteve na delegacia e transmitiu por rede social imagens e entrevista com a delegada responsáve­l, Silvia Fagundes, que confirmou agressão. Também foram exibidos vídeos que mostram o segurança seguindo a cadela, que, depois, caminha e deixa marcas de sangue.

O hipermerca­do diz que a tentativa de afastar a cadela provocou um ferimento em sua pata e afirma que ela desfaleceu “em razão do uso de um ‘enforcador’, tipo de equipament­o de contenção”, adotado pela prefeitura.

Uma barra de alumínio, que teria sido usada contra o cachorro, foi apreendida e deve ser periciada.

Em nota, o Carrefour repudia qualquer tipo de maus-tratos e reconhece que “um grave problema” ocorreu na loja.

”A empresa não vai se eximir de sua responsabi­lidade. Estamos tristes com a morte desse animal.”

O inquérito, aberto na segunda (3), deve apurar as responsabi­lidades no episódio.

Testemunha­s ouvidas por defensores no fim de semana confirmara­m agressões, de acordo com o delegado Bruno Lima, deputado eleito pelo PSL. Para ter validade, no entanto, esses depoimento­s precisam ser prestados formalment­e, à Polícia Civil.

Maus-tratos contra animais é crime previsto em lei e que pode render pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se manifestou nesta quarta (5) sobre o caso e disse que “seres humanos são capazes de fazer bizarrices que, com certeza, os animais jamais fariam”. Também defendeu prisão para “quem tem prazer em crueldade”.

Nas redes sociais, anônimos e famosos reagem e pedem punição aos envolvidos.

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Reprodução/ Instagram Internauta­s fizeram homenagens nas redes sociais
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