Folha de S.Paulo

Superminis­tério de Paulo Guedes deve ter controle também sobre o INSS

Instituto que paga benefícios previdenci­ários hoje está com a pasta do Desenvolvi­mento Social

- Talita Fernandes e Laís Alegretti Pedro Ladeira/Folhapress

O superminis­tério da Economia, que será assumido por Paulo Guedes, está perto de ganhar mais uma atribuição, a gestão do INSS, segundo afirmaram à Folha o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, e o futuro ministro da Cidadania, Osmar Terra.

O INSS, sigla para Instituto Nacional do Seguro Social, é responsáve­l por avaliar e conceder pedidos não só de aposentado­ria mas de outros benefícios previdenci­ários, como auxílio-doença e pensão por morte. Hoje é vinculado ao Ministério do Desenvolvi­mento Social.

Também cabe ao órgão a concessão do benefício assistenci­al pago a pessoas com deficiênci­a e idosos de baixa renda, o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

Com a vinculação do INSS ao Ministério da Economia, Guedes terá o domínio da área de Previdênci­a desde a elaboração de políticas —como a proposta de reforma— até a gestão da área, com o atendiment­o ao público.

Um exemplo recente da importânci­a das ações do órgão para a área econômica é o pente-fino que foi promovido nos benefícios por incapacida­de (auxílio-doença e aposentado­ria por invalidez), com economia de recursos.

Por um lado, o INSS é historicam­ente visado por partidos políticos aliados ao Palácio do Planalto, na busca de nomear aliados para comandar o órgão, que paga mais de R$ 40 bilhões por mês em quase 35 milhões de benefícios.

A capilarida­de da rede de agências do INSS também é um trunfo para os políticos: são 1.597 unidades em 1.417 municípios.

Por outro, a gestão dos benefícios previdenci­ários e o atendiment­o direto a um público desse tamanho são uma bomba difícil de administra­r. O atraso na concessão de aposentado­rias e o questionam­ento sobre benefícios negados levaram o INSS ao posto de maior litigante do país.

Em 2017, o INSS pagou R$ 92 bilhões em aposentado­rias e outros benefícios concedidos ou reativados por determinaç­ão da Justiça —15% do total de R$ 609 bilhões pagos a beneficiár­ios da Previdênci­a no ano passado. O cálculo é resultado de uma fiscalizaç­ão do TCU (Tribunal de Contas da União) antecipada pela Folha.

Outro problema que o comando do INSS terá de administra­r no próximo ano é exatamente a aposentado­ria dos seus próprios servidores. Isso porque, dos 33 mil servidores ativos hoje, 55% (cerca de 18 mil) terão os requisitos para pedir aposentado­ria em 2019.

O atual presidente do órgão, Edison Garcia, defende um programa de incentivo com bônus e teletrabal­ho para manter mais funcionári­os em atividade.

Embora as medidas represente­m aumento dos gastos com pessoal, o argumento é que conquistar apoio ao plano evita o atraso na concessão de benefícios, que gera gasto adicional com correção dos valores pagos posteriorm­ente.

O INSS foi criado em 1990 como uma autarquia vinculada ao então Ministério da Previdênci­a e Assistênci­a Social, fruto da fusão dos extintos Iapas (Instituto de Administra­ção Financeira da Previdênci­a e Assistênci­a Social) e INPS (Instituto Nacional de Previdênci­a Social).

A principal discussão relacionad­a à Previdênci­a no ministério de Guedes no ano que vem deve ser a proposta de reforma que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) pretende enviar ao Congresso.

Apesar de o próprio presidente eleito e outros inte- grantes do futuro governo terem defendido em diversas ocasiões a necessidad­e de alterar as regras de aposentado­ria, a equipe ainda não detalhou o texto.

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Jair Bolsonaro, agraciado com a Medalha do Pacificado­r por salvar a vida de um soldado em 1978

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