Derrotados, republicanos tentam minar poder de democrata eleito nos EUA
madison (eua) Republicanos do estado de Wisconsin (centro-norte dos EUA) aprovaram uma série de leis na quarta-feira (5) que limitam o poder dos legisladores e do governador democratas, ambos recém-eleitos.
Nos dias depois da derrota do governador Scott Walker, no mês passado —o fim de oito anos de controle monopartidário do estado—, Robin Vos, o presidente republicano da Assembleia, estava desafiador. “Vamos ser firmes como rochas para garantir que o Wisconsin não regrida”, disse.
Vos tornou-se a primeira autoridade a sugerir em público que os republicanos pretendiam restringir a autoridade do governador eleito, o democrata Tony Evers. “Se houver áreas onde nós possamos olhar e dizer: ‘cometemos erros ao dar poder demais ao Executivo, eu estaria aberto a examinar e dizer o que podemos fazer para mudar ou reequilibrar isso.”
Nesta semana, durante uma sessão especial do Legislativo, os republicanos conseguiram. Após horas de reuniões a portas fechadas, o Senado estadual se reuniu às 4h30 de quarta-feira e aprovou um pacote de leis destinadas a conter os poderes dos próximos líderes democratas. A Assembleia os seguiu, horas depois.
A legislação busca minar os democratas. Os legisladores, e não o governador, controlariam a maioria das nomeações em um conselho de desenvolvimento econômico.
As leis também exigiriam que Evers obtivesse permissão para aplicar ajustes a programas conjuntos dos governos federal e estadual. O pacote foi tão amplo que muitos democratas ainda tentavam avaliar os danos.
“Wisconsin nunca viu nada parecido”, disse Evers em um comunicado. “Os valores do Wisconsin de decência, bondade e de encontrar terreno comum foram postos de lado para que um punhado de pessoas possa usurpar e se agarrar ao poder.”
Durante oito anos, Vos foi um importante aliado de Walker. Juntos, eles aprovaram medidas que paralisaram os sindicatos de Wisconsin, um alicerce do poder do Partido Democrata há anos. Em 2011, eles cortaram benefícios e direitos de negociação coletiva para a maioria dos funcionários públicos.
Nos últimos dias, Vos, 50, tornou-se o mais visível e fervoroso porta-voz do pacote de medidas que limitaria os poderes de Evers. Muitas leis apresentadas na semana passada foram propostas por uma comissão presidida por Vos, que está em seu sétimo mandato na Assembleia e se tornou presidente da Casa em 2013.
Nesta semana, Vos defendeu a legislação como um freio necessário ao poder Executivo e afastou alegações de uma tomada de poder antidemocrática. “O que isto faz é garantir que tenhamos uma quantidade igual de poder sobre a mesa”, disse Vos.
Gordon Hintz, o líder democrata na Assembleia, disse que a legislação mina o poder de autoridades eleitas democraticamente.
“Estamos aqui porque vocês não confiam em Tony Evers e vocês não querem ceder o poder”, disse ele. “Vocês não sabem perder.”