Folha de S.Paulo

Diplomado, Bolsonaro vai montar 2º e 3º escalões

Escolha das equipes de segundo e terceiro escalões pode afetar composição da base de apoio do presidente eleito no Congresso

- Daniel Carvalho

Com a diplomação marcada para hoje e depois de completar a montagem de seu ministério, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), dá início à montagem das equipes de segundo e terceiro escalões.

Bolsonaro deve receber representa­ntes de PSD, DEM, PP, PSB e do próprio PSL. Dado o novo modelo de articulaçã­o política, parlamenta­res preveem dificuldad­es na votação de reformas.

Brasília A diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) e de seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB), nesta segunda (10), marca o início da segunda temporada da transição: a montagem das equipes de segundo e terceiro escalões, o que pode interferir na composição de sua base no Congresso.

“Este trabalho inicia nesta semana”, informou o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil). A primeira etapa, de formação de ministério, foi concluída neste domingo (9).

Com deputados e senadores em Brasília para a cerimônia, às 16h no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), já começam as conversas com os partidos. Bolsonaro deve receber ao longo desta semana representa­ntes de PSD, DEM, PP, PSB, além do próprio PSL.

Parlamenta­res que estiveram com Bolsonaro nos últimos dias ouviram que ele não quer a velha política do tomalá-dá-cá —indicação de cargos em troca de apoio político.

No entanto, o presidente eleito também sinalizou que não contará nas votações somente com o apoio das frentes parlamenta­res que, até o momento, definiram alguns nomes do primeiro escalão.

Congressis­tas que apoiaram Bolsonaro na campanha e que viram a Esplanada dos Ministério­s ser preenchida sem que pudessem indicar aliados esperam uma sinalizaçã­o do futuro governo sobre a abertura que terão para sugerir nomes às demais estruturas federais.

No Congresso, a avaliação é que essa estratégia de priorizar bancadas temáticas como as do agronegóci­o, da segurança e evangélica pode dar certo na votação da pauta sobre costumes, como a redução da maioridade penal. No entanto, parlamenta­res preveem entrave na votação das reformas tributária e da Previdênci­a.

Um dos deputados que esteve na sede da transição na semana passada disse reservadam­ente que os aliados não podem “salvar o Brasil e pular na fogueira”.

Para esses aliados, aprovar matérias com base na pressão da sociedade é sustentáve­l só enquanto durar a lua de mel do governo com a população —o que dependerá do ambiente econômico do país.

O líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA), afirmou que seu partido dará apoio ao governo, mas não garante adesão às propostas, o que será analisado caso a caso.

Outra questão é a eleição dos presidente­s da Câmara e do Senado. Por mais que os interlocut­ores de Bolsonaro digam que o Palácio do Planalto não vai interferir na disputa, a definição de quem o futuro governo apoiará tem reflexo, por exemplo, no espaço que o PSL terá nas duas Casas.

Líderes estão negociando a formação de um bloco para lotear o comando da nova legislatur­a na Câmara, excluindo desses postos o PSL.

No Senado, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito, é contrário à candidatur­a de Renan Calheiros (MDB-AL), considerad­o o mais forte por seus pares até agora.

Leia mais sobre a diplomação na pág. A8 e sobre a escolha de Ricardo Salles como ministro do Meio Ambiente na pág. B9

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Infográfic­o Gustavo Queirolo e Simon Ducroquet *Tem formação militar, mas é servidor de carreira

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