Folha de S.Paulo

O perfil de Bolsonaro

Eleito prioriza direitos de vítimas, não de criminosos

- Professor livre docente de direitos humanos da PUC-SP e presidente licenciado da Comissão de Direitos Humanos do IASP (Instituto dos Advogados de São Paulo) Ricardo Sayeg

Está tramitando na Câmara dos Deputados a proposta de emenda constituci­onal (PEC) 383, de 2014, que tem por objeto, no capítulo da ordem econômica da Constituiç­ão Federal, o reconhecim­ento do regime econômico do capitalism­o humanista e do princípio da observânci­a dos direitos humanos.

Para se propor essa PEC, foi necessário o encaminham­ento por mais de um terço dos deputados federais, dentre os quais consta o presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Por esse fato concreto, muito anterior à sua eleição à Presidênci­a, ele demonstra pretérita e efetiva preocupaçã­o com os direitos humanos, contudo não a favor dos criminosos, como têm os direitos humanos sido deturpados na caricatura dos “direitos dos manos”.

Está claro que Bolsonaro se preocupa com os direitos humanos, mas foca na miséria humana que produz os vulnerávei­s, excluídos do acesso a níveis dignos de subsistênc­ia.

O capitalism­o humanista é um sistema jus-econômico liberal de respeito aos direitos humanos, desenvolvi­do nas áreas de direito econômico e direitos humanos da Faculdade de Direi toda PUC-SP. Tal sistema reconhece a economia de mercado, os direitos de propriedad­e privada e a liberdade econômica em consubstan­cialidade com os direitos humanos, conforme a Agenda 2030, da ONU, que tem o objetivo de erradicaçã­o da pobreza e atingir as metas do milênio. É avalizado pelo consagrado economista Manuel Enríquez García, da Faculdade de Economia da USP, presidente da Ordem dos Economista­s do Brasil e do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo.

Bolsonaro promoveu os direitos humanos ao assinara P EC. Provou, de fato, se preocupar com o tema, mas não para conceder direitos às facções criminosas que estão impondo, pelo tráfico de drogas, o latrocínio, o sequestro, o roubo violento etc, um Estado paralelo, torpe, sangrento e caótico, como está escancarad­o no Rio de Janeiro, com a morte constante de inocentes.

Tem razão Bolsonaro porque oc rimeéo maior inimigo dos direitos humanos. Ninguém tem direitos humanos numa terra sem lei, onde não se pode viver sossegado, sem medo que ele ou as pessoas que ama sejam assassinad­os, roubados, sequestrad­os ou vítimas de violência.

Não dá para negar, que além do combate à pobreza e à miséria humana, é necessário lutar e fomentar os direitos humanos das vítimas da criminalid­ade. Imperioso garantir às pessoas de bem a segurança pública.

Portanto, sob a ótica dos direitos humanos, Bolsonaro está correto ao se compromete­r com o enfrentame­nto à criminalid­ade e não transigir, muito menos tolerar a bandidagem —cujo primeiro passo, muito bem dado aliás, foi trazer para o governo Sergio Moro, pois a nação tem que dar um basta às facções criminosas e à corrupção. Nessa perspectiv­a, a sociedade civil precisa de um soldado dos direitos humanos contra as facções criminosas e contra a criminalid­ade em geral.

É preciso retomar a paz na vida e no lar das pessoas e assegurar a todos os brasileiro­s existência digna.

À luz dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, celebrados nesta segunda (10), a atitude parlamenta­r e o discurso de Bolsonaro encarnam os valores dos vulnerávei­s e das vítimas, de combate à pobreza, à miséria humana e à criminalid­ade, em sintonia com a mais legítima defesa desses direitos.

Como se vê, o que Bolsonaro não apoia, e com razão, a caricatura dos “direitos dos manos”, abominada pela maioria esmagadora da população, que é a detentora da soberania nacional.

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