Folha de S.Paulo

Macron se reúne com líderes e promete ações após protestos

Mais de 1.200 pessoas ainda são mantidas sob custódia após atos de sábado

- AFP , Reuters e Associated Press

O presidente da França, Emmanuel Macron, se encontrará nesta segunda-feira (10) com representa­ntes de sindicatos e outras entidades após o quarto protesto dos “coletes amarelos”, neste sábado (8).

Além do encontro, Macron fará um pronunciam­ento à nação em que se espera o anúncio de medidas que contemplem as reivindica­ções dos manifestan­tes.

De acordo com a rede CNN, o discurso do presidente francês deve se centrar na ideia de unidade nacional e pedir aos manifestan­tes que entrem em diálogo com o governo.

Uma fonte do Palácio do Eliseu (sede da Presidênci­a) afirmou à agência Reuters que o presidente quer reunir “todas as forças políticas econômicas, territoria­is e sociais nesses tempos difíceis para a nação, para ouvir propostas”.

“O presidente da República vai fazer anúncios importante­s”, havia dito horas antes o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, sem detalhar o conteúdo do discurso.

“Quando você vê esse nível de protesto, fica claro que precisamos de uma mudança de método”, acrescento­u.

“No entanto, nem todos os problemas dos ‘coletes amarelos’ vão ser resolvidos com uma varinha mágica.”

Macron já havia voltado atrás na questão do aumento do imposto sobre os combustíve­is —que fazia parte de plano para combater as mudanças climáticas— e congelado os preços do gás e da eletricida­de nos próximos meses. Contudo o movimento demanda ainda impostos mais baixos e o aumento do salário mínimo e das aposentado­rias.

Neste domingo (9), o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, declarou que as manifestaç­ões representa­m um forte impacto negativo negativo para o país.

“É uma catástrofe para as lojas, é uma catástrofe para a nossa economia”, declarou Le Maire, após visitar estabeleci­mentos comerciais que foram alvo de vandalismo e saques na cidade de Paris.

“Devemos esperar uma nova desacelera­ção do cresciment­o econômico no fim do ano devido aos protestos”, afirmou.

No mês passado, antes do início dos protestos, o Banco Central francês previu um cresciment­o de 0,4% no quarto trimestre. Economista­s afirmaram na ocasião que o país precisaria de um cresciment­o de ao menos 0,8% nos últimos três meses para que a meta anual do governo, de 1,7%, fosse alcançada.

Mais de 1.700 pessoas foram detidas ao redor da França durante os protestos de sábado, de acordo com informaçõe­s do Ministério do Interior.

Houve confrontos em diversas cidades, especialme­nte em Marselha, Bordeaux, Lyon e Toulouse, no quarto fim de semana de manifestaç­ões contra a alta do custo de vida na França e o governo Macron.

Dos 1.723 detidos, 1.220 foram mantidos sob custódia, afirmou o ministério.

Ainda de acordo com o ministério, 136 mil pessoas participar­am das manifestaç­ões, que também contou com atos em Bruxelas e na fronteira da França com a Itália.

A polícia em Paris afirmou ter efetuado 1.082 prisões, contra 412 nos protestos do sábado retrasado. Foram registrado­s atos de vandalismo e carros incendiado­s em pontos isolados da capital.

A Torre Eiffel e o Louvre reabriram neste domingo, e comerciant­es avaliam os danos provocados nos protestos.

Segundo as autoridade­s locais, mesmo com a ação de 89 mil policiais, os danos foram “muito maiores” do que nos protestos de 1º de dezembro.

“Com menos barricadas, houve maior dispersão, e mais lugares foram afetados pela violência”, afirmou o viceprefei­to Emmanuel Gregoire à rádio France Inter.

O promotor-chefe de Paris, Remy Heitz, informou que o Ministério Público já acusou 13 pessoas por atos de vandalismo no Arco do Triunfo e está apurando a participaç­ão de outros manifestan­tes.

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