Folha de S.Paulo

Em ano fraco, comércio popular aposta na segunda parcela do 13º

- Camilla Feltrin, Heloísa Negrão e Priscila Camazano Com o Agora

A menos de 20 dias do Natal, é possível andar sem esbarrar em ninguém nas lojas das ruas de comércio popular como 25 de Março e Oriente, no Brás. Até os corredores espremidos da Feira da Madrugada estão tranquilos.

Depois de um ano fraco no varejo, em razão da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, da Copa e das eleições, os comerciant­es depositam todas as suas fichas na véspera do Natal e na segunda parcela do 13º salário.

Vendedor de uma loja de bicicletas, Diego Vieira Oliveira diz que a clientela está 40% menor em relação ao mesmo período de 2017. Ele se mantém esperanços­o para os próximos dias.

“O pessoal está usando a primeira parcela do 13º salário para pagar dívida, esperamos que a outra seja para comprar presentes.”

Gerente da loja Armarinhos Ambar, Guilherme Gelati também procura se manter otimista. “Melhorou desde a eleição, mas está menor que o ano passado.”

Nos Armarinhos Fernando, o tamanho da rede faz a expectativ­a de cresciment­o ser maior que a dos vizinhos: pretendem faturar 12% a mais neste ano, afirma o gerente Ondamar Ferreira.

No entanto, no que diz respeito ao público, a projeção é de um tímido cresciment­o de 4% no número de consumidor­es. Lá, as pessoas gastam, em média, R$ 60.

Ferreira compartilh­a das boas previsões de 43% dos comerciant­es brasileiro­s, segundo pesquisa do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil. O estudo estima que 4 em cada 10 donos de loja preveem cresciment­o nas vendas de Natal em relação a 2017. Do total, 32% esperam estabilida­de no período, e 9%, menos clientes.

No Brás, bairro tradiciona­l de comércio têxtil, a expectativ­a de vendas é moderada. Segundo Jean Makdisse, conselheir­o Alobrás (Associação de Lojistas do Brás), “2018 é uma sequência dos últimos quatro anos de crise”. Eles esperam um aumento nas vendas entre 2% e 3%.

Marrer Abded, dono da rede de lojas Ascona, torce para a animação da véspera de Natal.

“Brasileiro é um ser imediatist­a, depois de pagar as dívidas, vai estar com o 13º e o pagamento na mão, vai se empolgar e virá às compras.”

Com três lojas na região, Abed diz que já estará satisfeito se fechar as vendas com números iguais a 2017.

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Rafael Roncato/Folhapress Loja no Brás, que sofre com venda baixa

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