Nissan vê elo de Ghosn com Eike, afirma jornal
A Nissan suspeita de que o executivo Carlos Ghosn, que presidia o conselho de administração da empresa e está preso no Japão desde 19 de novembro, tenha feito negócios com políticos e empresários brasileiros acusados de corrupção, entre eles Eike Batista, segundo reportagem do Financial Times.
Em julho, o empresário foi condenado a 30 anos de reclusão na ação penal em que é acusado de ter pago propina ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que está preso.
A informação veio à tona após a Nissan afirmar estar apelando à Justiça brasileira para impedir que a família de Ghosn busque itens pessoais do executivo em apartamento de propriedade da empresa no Rio de Janeiro e usado por ele.
A Nissan considera que pode haver ali indício de condutas inapropriadas de Ghosn.
A própria compra do imóvel é investigada. A suspeita é que fundos de uma subsidiária da empresa, que teria como função o investimento em startups, na Holanda, tenham sido usados para a compra do apartamento e de residências no Líbano e na França para uso de Ghosn.
A família do executivo estaria disposta a retirar os itens pessoais na presença de oficiais da Justiça, diz o FT.
Pessoas com o conhecimento do caso ouvidas pelo jornal afirmam que a relação entre Ghosn e figuras proeminentes no Brasil ainda não faz parte dos interrogatórios pelos quais o executivo passou.
Também não há acusação formal de que o executivo tenha feito negócios inapropriados com Eike.
Nascido no Brasil e considerado responsável por livrar a Nissan da falência no início dos anos 2000, Ghosn foi preso sob suspeita de ter ocultado parte de seus ganhos, entre outros ilícitos. O executivo nega que tenha cometido irregularidades.
Em outro sinal das divergências internas entre Ghosn e a cúpula da Nissan, o jornal americano The Wall Street Journal informou que ele pretendia trocar o presidenteexecutivo da empresa, Hiroto Saikawa, antes de ser preso.
A insatisfação de Ghosn com Saikawa, segundo executivos ouvidos pelo jornal, decorria de problemas na gestão do negócio, incluindo redução de vendas nos EUA e perda de qualidade no Japão.
Não está claro se Saikawa sabia dos planos de Ghosn de retirá-lo da empresa, o que poderia acontecer em uma reunião do conselho de administração ainda em novembro.