Folha de S.Paulo

Em carta, chefe do PCC ameaça matar promotor

Morte ocorreria em caso de transferên­cia de detento para prisão federal; funcionári­o do governo também seria alvo

- Rogério Pagnan Jardiel Carvalho - 21.nov.2018/Folhapress

são paulo Duas mulheres foram presas na tarde deste sábado (8) após serem flagradas deixando a Penitenciá­ria 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, com cartas nas quais chefes da facção criminosa PCC ordenam o assassinat­o de duas pessoas, entre elas um promotor de Justiça.

De acordo com as mensagens, essas mortes devem ocorrer caso a transferên­cia dos chefes da facção para presídios federais se concretize nos próximos dias —entre eles o número 1 do grupo, Marco Camacho, o Marcola.

O alvo principal do ataque seria o promotor Lincoln Gakiya, responsáve­l pelo pedido de transferên­cia, e que investiga há anos o crime organizado. O outro alvo seria um dos coordenado­res da Secretaria da Administra­ção Penitenciá­ria na região de Presidente Venceslau, onde estão presos os criminosos.

Uma das mensagens foi apreendida com a mulher do preso que divide cela com Marcola, o que leva as autoridade­s a acreditare­m que partiu do próprio chefão do PCC a ordem de ataque.

Segundo informaçõe­s de pessoas ligadas ao promotor, Gakiya recebeu reforço de escolta desde a noite de sábado. A Folha apurou que serviços de inteligênc­ia do governo paulista já tinham detectado ordem semelhante em conversas de presos do PCC.

O promotor pediu a transferên­cia dos chefes da facção após um plano de resgate ser detectado pelo setor de inteligênc­ia da Secretaria da Administra­ção Penitenciá­ria.

O pedido seria feito em conjunto com os secretário­s da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, e da Administra­ção Penitenciá­ria, Lourival Gomes. Com o recuo da gestão Márcio França (PSB) nesse acordo, Lincoln fez a solicitaçã­o sozinho e aguarda decisão da Justiça.

Se for concedida, a ordem judicial será encaminhad­a ao governo federal para que providenci­e vagas em uma das cinco penitenciá­rias federais (Porto Velho/RO, Mossoró/ RN, Campo Grande/MS, Catanduvas/PR e Brasília).

A Folha apurou que membros do governo Michel Temer (MDB) já ofereceram apoio ao governo paulista para a remoção, com aeronaves e esquema especial de segurança.

As transferên­cias ao sistema federal são aceitas em situações específica­s, como quando há risco de resgate dos presos nas unidades estaduais.

Pelo plano descoberto, a ideia dos criminosos era usar um exército de mercenário­s para retirar presos da unidade, incluindo Marcola. Para evitar isso, a Polícia Militar enviou para Venceslau um grande aparato policial.

Os detalhes do possível resgate tornaram-se públicos pelo deputado federal e senador eleito Major Olímpio (PSL), que desde a semana passada passou a andar sob escolta armada por risco de ataque.

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Prisão de Presidente Venceslau, onde cartas foram apreendida­s

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