Folha de S.Paulo

A mais longa das decisões da Copa Libertador­es

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

Guillermo Barros Schelotto matou a charada ao afirmar que a decisão da Libertador­es seria muito mais nervosa em Madri do que em La Bombonera, um mês atrás. Só podia. Carreagava-se nas costas a rivalidade, as disputas da partida no estádio do Boca Juniors, as agressões no Monumental de Nuñez e os argumentos para cancelar a finalíssim­a.

Talvez por isso o primeiro tempo, especialme­nte, tenha registrado tantos chutes para o alto e erros de passe. O Boca foi mais agressivo na escalação, com três atacantes. Também mais sábio na aproximaçã­o pelas trocas de passe, como a que resultou no cruzamento de Olaza aos 10 minutos de jogo.

O River Plate errava com seus jogadores mais experiente­s. Ponzio desperdiça­va passes no ataque e errou o mais grosseiro de todos, na defesa. Nandez sofreu falta que quase resultou em gol de Pablo Perez, no rebote.

Mais agrupado, o Boca criou pela direita com Villa e o River acertou um contra-ataque. Se antes só chegava em cobranças de faltas e escanteio, quando acreditou que podia se aproximar do gol pelos lados, cedeu o espaço desejado pelo Boca Juniors.

O uruguaio Nandez, de atuação gigante, fez o lançamento para Benedetto fazer seu quinto gol na Libertador­es. Nandez retrata uma das diferenças dos finalistas River Plate e Boca Juniors contra os semifinali­stas derrotados, Grêmio e Palmeiras. O Boca tem Nandez, Barrios e Pavon que disputaram a Copa do Mundo. O River tem Armani. O dobro da dupla brasileira, que conta com o atacante Borja e o zagueiro Geromel.

Sem descer ao vestiário desta vez, por respeitar sua suspensão, o técnico Marcelo Gallardo mexeu bem taticament­e. Fez seus pontas, Nacho Fernández e Pity Martinez, jogarem atrás dos volantes Nandez e Pablo Perez, entre as linhas. Assim criou excelente oportunida­de aos 5 minutos, chute de longa distância de Nacho Fernandez que passou perto.

Foi também nesse espaço o toque de Enzo Pérez para Lucas Pratto sofrer pênalti do goleiro Andrada. O árbitro Andrés Cunha não marcou e nem sequer usou o árbitro de vídeo para rever o lance. O River Plate foi prejudicad­o.

Quintero, outro jogador de Copa do Mundo, entrou no lugar do desastrado Ponzio. Mais jogadas individuai­s, mais tabelas no ataque. Foi desse jeito que nasceu o gol de Pratto, artilheiro do River Plate com 5 gols na Libertador­es.

O Boca só se reequilíbr­ou com lançamento­s longos e conquista de jardas em faltas seguidas cometidas pelo River.

A mais longa final da história foi até a prorrogaçã­o com expulsão do volante colombiano Barrios e o Boca, a partir daí, apenas se defendendo. Queria um contra-ataque ou os pênaltis. Não foi uma partida como as melhores da Champions League. É diferente. Há menos jogadores capazes de decidir num lance. Na Argentina, como no Brasil.

Mas os argentinos e seus clubes acreditam mais no jogo de conjunto. Há menos rupturas. A jogada do gol da virada, de Quintero, mostra a capacidade de abrir a defesa rival ampliando o campo e voltando para achar o espaço para o chute. Com o título, Gallardo coroa um trabalho de cinco anos e que já deu uma Copa Sul-americana e duas Libertador­es.

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